O tenente-coronel Mauro Cid foi intimado pela PF para um novo depoimento na quinta-feira (5). A nova oitiva de Cid ocorre depois do depoimento dele ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) e está relacionado às declarações de Cezar Bittencourt, advogado de Cid, de que o ex-ajudante de ordens relatou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) sabia do plano golpista “Punhal Verde e Amarelo” organizado pelos “Kids Pretos” para evitar a posse do presidente Lula após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022. O mesmo plano também previa o assassinato de Moraes, do presidente Lula e do vice-presidente, Geraldo Alckmin.
A coluna adiantou no dia 21 de novembro que Cid tinha delatado nos depoimentos daquela semana a participação do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro e ex-candidato a vice-presidente, e também o conhecimento de Bolsonaro do plano que seria consumado no dia 15 de dezembro de 2022.
A coluna não conseguiu confirmar se Cid informou que Bolsonaro tinha conhecimento também sobre o planejamento dos assassinatos. Em uma entrevista no dia 22 de novembro, o advogado de Cid falou para a jornalista Andreia Sadi, no programa Estúdio I, da Globonews, que o ex-presidente sabia de tudo e “comandava”. No entanto, pouco depois, ele recusou das declarações.
Após o depoimento para Moraes, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro conseguiu manter os benefícios do acordo de colaboração premiada com a PF. A Polícia Federal havia pedido a rescisão do acordo de colaboração premiada de Cid, após descobrir que ele havia omitido informações sobre a trama para os assassinatos.
A PF já havia descoberto que a reunião para dar início ao plano dos assassinatos havia sido realizada na casa de Braga Netto, em novembro de 2022. Cid participou do encontro.
Também estiveram presentes parte dos militares com formação em Operações Especiais, conhecidos como Kids Pretos. Eles foram os responsáveis por colocar em prática o plano. A PF constatou que um grupo de ao menos seis militares chegaram a se posicionar em diversos pontos de Brasília para capturar Moraes em 15 de dezembro de 2022.
Depois da audiência, Alexandre de Moraes decidiu contrariar o pedido da Polícia Federal e manteve os benefícios da colaboração premiada de Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi preso duas vezes em inquéritos da PF, mas está em liberdade desde maio.
Bolsonaro indiciado
Bolsonaro foi indiciado pela PF por integrar uma organização criminosa que liderou uma tentativa de Golpe de Estado no Brasil após a sua derrota nas eleições de 2022. Com isso, Bolsonaro se torna o primeiro presidente da História do Brasil a ser alvo de um processo para ser responsabilizado por tentativa de golpe contra a democracia brasileira.
Após o relatório final da PF com os indiciamentos, a Procuradoria-Geral da República irá formular denúncia ao STF que deve abrir um processo criminal contra os acusados.
Deixe um comentário