O tenente-coronel Mauro Cid afirmou, em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), na quinta-feira (21) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) sabia do plano golpista “Punhal Verde e Amarelo” organizado pelos “Kids Pretos” para evitar a posse do presidente Lula após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022. Além disso, tinha conhecimento sobre o planejamento para assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e ainda do ministro Alexandre de Moraes.
O plano dos militares seria consumado no dia 15 de dezembro de 2022. O advogado de Cid, Cezar Bitencourt, afirmou, em entrevista ao estúdio I, da TV Globo, que Bolsonaro tinha conhecimento de tudo. “Sabia, sim, na verdade o presidente de então sabia tudo. Na verdade, comandava essa organização”, disse Bitencourt. A coluna adiantou na quinta-feira que Cid tinha mencionado que Bolsonaro sabia do plano.
No depoimento, Cid também implicou o general Walter Braga Netto, ministro e candidato a vice de Bolsonaro, no plano dos “Kids Pretos”. Segundo fontes que acompanharam o depoimento, o general participou da formulação do plano, acompanhou o planejamento e os monitoramentos das autoridades. Já Bolsonaro tinha conhecimento dessas ações.
Após o depoimento para Moraes, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro conseguiu manter os benefícios do acordo de colaboração premiada com a PF. A Polícia Federal havia pedido a rescisão do acordo de colaboração premiada de Cid, após descobrir que ele havia omitido informações sobre a trama para os assassinatos.
A PF já havia descoberto que a reunião para dar início ao plano dos assassinatos havia sido realizada na casa de Braga Netto, em novembro de 2022. Cid participou do encontro.
Também estiveram presentes parte dos militares com formação em Operações Especiais, conhecidos como Kids Pretos. Eles foram os responsáveis por colocar em prática o plano. A PF constatou que um grupo de ao menos seis militares chegaram a se posicionar em diversos pontos de Brasília para capturar Moraes em 15 de dezembro de 2022.
Depois da audiência, Alexandre de Moraes decidiu contrariar o pedido da Polícia Federal e manteve os benefícios da colaboração premiada de Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi preso duas vezes em inquéritos da PF, mas está em liberdade desde maio.
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