Cinco mulheres quilombolas foram mortas no Brasil desde o assassinato de Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, em agosto do ano passado. Ela era uma das lideranças do quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia.
O levantamento, feito pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), foi divulgado pela colunista Monica Bergamo, da Folha de São Paulo.
A pesquisa revela que a violência contra mulheres quilombolas se intensificou no país nos últimos anos, especialmente desde 2017.

Casa onde Mãe Bernadete viveu, no Quilombo Pitanga dos Palmares (BA). (Foto: Ester Cezar/ISA)
Quilombolas assassinadas exerciam papel de liderança
Entre janeiro de 2023 e julho deste ano, o país registrou seis assassinatos — o equivalente a uma média de uma morte a cada três meses. Em 2022, segundo o estudo, houve uma morte. No ano anterior, duas, e em 2020, uma.
Houve um pico em 2019, com cinco casos de assassinatos. Uma morte foi registrada em 2018. Já em 2017, foram três. Os anos de 2016 e de 2015 registraram um assassinato cada.
Coordenado por Selma Dealdina Mbaye e Élida Lauris, o estudo ainda revela que mais da metade (60%) das mulheres quilombolas vítimas de violência exerciam papel de destaque ou eram alguma liderança na cidade em que viviam. E que 20% dos assassinatos ocorreram em um contexto de conflito por posse de terra.
A pesquisa foi conduzida junto a lideranças quilombolas e instituições de diferentes estados onde os crimes foram cometidos. Os dados inéditos estão sendo lançados para marcar um ano do assassinato de Mãe Bernadete.
Ela era coordenadora nacional da Conaq e ialorixá. Mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho, líder assassinado há seis anos, atuava contra a violência sofrida pelo povo quilombola e pela titulação da terra de sua comunidade.
SAIBA MAIS
Suspeitos de matar Mãe Bernadete na Bahia são denunciados pelo MP
Pergunte ao Chat ICL
Relacionados
Professora descobriu traição antes de morrer envenenada por parceiro, diz prima
Marido e a mãe dele foram presos suspeitos de envolvimento na morte de Larissa
Nikolas Ferreira é condenado a pagar R$ 200 mil por discurso contra trans na Câmara
Parlamentar usou peruca para ironizar comunidade no Dia Internacional das Mulheres em 2023
Homem de 70 anos é atropelado e morto por motorista em carro de luxo em Santo André (SP)
Condutor tinha sinal de embriaguez foi agredido por testemunhas após acidente; veículo tinha débitos e não pertencia a ele