ICL Notícias
País

Coletivo aciona MP e MPC por acordo de prefeitura de Porto Alegre com consultoria

ATUAPOA questiona falta de transparência na contratação da Alvarez & Marsal e pede investigação
20/05/2024 | 07h03

Por Luís Gomes — Sul21

O coletivo ATUAPOA, que reúne entidades que atuam na pauta do direito à cidade em Porto Alegre, apresentou uma representação junto ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) e ao Ministério Público de Contas do Estado (MPC) pedindo que os órgãos instaurem um inquérito civil público para apurar possíveis infrações da lei e de irregularidades em acordo firmado entre a Prefeitura de Porto Alegre e a consultoria privada Alvarez & Marsal.

No dia 13 de maio, o prefeito Sebastião Melo (MDB) anunciou que a empresa de consultoria Alvarez & Marsal irá prestar serviços para a Prefeitura de Porto Alegre para ajudar na recuperação da capital. Melo informou que a consultoria irá atuar por 60 dias e que depois desse período serão discutidos valores.

“Um dos sócios dessa empresa é gaúcho, porto-alegrense. Ele se sensibilizou com o processo e nos procurou para ajudar”, explicou o prefeito Sebastião Melo ao fazer o anúncio. “No meio do caminho nós vamos estabelecer, se ela tiver que permanecer, vai ter custo”, acrescentou.

Empresa foi criticada após atuação em Brumadinho (MG)

Na representação, o coletivo aponta que o prefeito não estimou os valores que podem ser envolvidos na prorrogação do acordo. Pontua também, entre outras questões, que a especialidade da consultoria é a atuação em recuperações financeiras e judiciais.

A empresa já foi acusada de corrupção por inflacionar suas taxas de contratação no Reino Unido e que, quando atuou em casos de desastres — em Brumadinho–MG e Nova Orleans (EUA) —, sofreu diversas críticas, como o fato de ter contribuído para a alta no preço dos aluguéis, o que impediu moradores de retornarem para suas casas.

A representação pontua ainda que, a Lei n.º 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, determina que atos administrativos devem indicar fatos e fundamentos jurídicos quando: “neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais.” Para o coletivo, esta questão não foi resolvida no processo de contratação da consultoria.

Diante deste cenário, o ATUAPOA pede que o MP-RS e o MPC instaurem um inquérito civil que traga a público os valores envolvidos no contrato e os critérios de avaliação de desempenho da consultoria, entre outras medidas. Confira as solicitações do coletivo:

a) Uma análise detalhada do contrato firmado entre a Prefeitura de Porto Alegre e a empresa Alvarez & Marsal, que seja levado a público os valores envolvidos no contrato; o escopo de trabalho definido no contrato; os Critérios de avaliação de desempenho estabelecidos e prazos envolvidos;

b) O acompanhamento e recomendação ao município quanto a criação de um comitê de monitoramento e fiscalização, com ampla participação da sociedade civil e das universidades, para acompanhar de forma contínua e independente todas as etapas do processo de reconstrução pós-tragédia e garantir a observância dos princípios democráticos, da legalidade e da ética.

c) Adicionalmente, requeremos que seja encaminhada uma cópia desta representação ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), para fim de que seja feita auditoria especial sobre as ações e decisões do Prefeito Municipal relacionadas à contratação de consultorias;

d) Ainda, sugerimos a abertura de acesso público a todas às informações relacionadas às contratações, termos, doações e demais aspectos pertinentes ao processo de reconstrução, visando garantir a transparência e o controle social sobre os recursos envolvidos.

e) Por fim, solicitamos, por meio deste, informações atualizadas sobre quais processos ou notícias fatos em aberto relacionadas à tragédia ocorrida no município de Porto alegre, fornecer números e forma de acesso para consulta pública.

Reportagem publicada em GZH neste sábado (18) informou que o governo do Estado também está firmando contrato com a Alvarez & Marsal, por meio da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução, bem como com outras consultorias privadas.

 

Leia também

Falhas de manutenção no saneamento em Porto Alegre são apontadas desde 2015

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail