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Por Jéssica Maes

(Folhapress) — Um confronto entre garimpeiros e servidores do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na Terra Indígena (TI) Sararé, no Mato Grosso, terminou com cinco mortos na madrugada deste sábado (28).

Segundo os órgãos oficiais, as equipes de fiscalização foram atacadas a tiros durante uma ação de combate ao garimpo ilegal, iniciada na última segunda-feira (23).

“Após intenso confronto, cinco garimpeiros foram baleados e vieram a óbito no local”, informou a PRF, em comunicado.

Ainda de acordo com a nota, foram apreendidas seis armas com os criminosos: um fuzil 556, uma submetralhadora, uma espingarda calibre 12, duas pistolas e um revólver, além de munições, miras refletivas e carregadores.

Um balanço da operação divulgado pelo Ibama informa que até o momento foram destruídas 30 escavadeiras, 22 caminhonetes, dois caminhões, uma pá-carregadeira, seis motocicletas, 25 acampamentos e 5.000 litros de combustível, além de diversos motores e equipamentos.

Com 67 mil hectares, o território é habitado por cerca de 250 indígenas Nambikwara e foi homologado em 1985. A região vem sendo pressionada pela invasão de garimpeiros, que avançam sobre a área e cercam as aldeias.

Um levantamento do Greenpeace divulgado no final de agosto aponta que 2024 teve um recorde de alertas de garimpo na TI Sararé, com 570 hectares de desmatamento associados à mineração identificados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Além do impacto ambiental, a presença das atividades ilegais se converte em violência.

Segundo a ONG, relatos das lideranças indígenas indicam que facções criminosas regionais, ligadas ao Comando Vermelho, estão operando nos garimpos abertos ao longo do limite oeste do território.

Na última segunda-feira, confrontos entre os próprios garimpeiros, que disputam o controle de áreas de exploração dentro da terra indígena, resultaram em pelo menos quatro mortos e um ferido.

Destruição pelos garimpeiros

Demarcada em 1985, a Terra Indígena (TI) Sararé, lar do povo Nambikwara, está sob ataque. Cerca de 250 indígenas, distribuídos em sete aldeias, vivem em um território de 67 mil hectares que está sendo desmantelado pelo avanço do garimpo. Centenas de escavadeiras, operadas por garimpeiros, desafiam diariamente as forças de segurança e de proteção ambiental em uma disputa constante. O garimpo avança a menos de 200 metros das aldeias, ameaçando a sobrevivência de um povo e de suas tradições.

Segundo o Greenpeace, o ano de 2024 marcou um recorde de alertas de garimpo na TI Sararé, com 570 hectares de destruição identificados pelo DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), superando até mesmo a TI Kayapó, que registrou 285 hectares. O número de alertas saltou de 7,2 em 2020 para 929 hectares no total de alertas gerais, área equivalente a 1.274 campos de futebol. Esta devastação não é apenas uma tragédia ambiental, mas também uma grave questão de segurança pública.

Relatos das lideranças indígenas indicam que facções criminosas regionais, ligadas ao Comando Vermelho (CV), estão operando nos garimpos abertos de norte a sul, ao longo do limite oeste do território. Essas facções controlam a maioria das currutelas (pequenos acampamentos garimpeiros), e espalham violência. Mais de 10 indígenas estão sob ameaça de morte, e o território, que já foi palco de conflitos por espaço entre os próprios garimpeiros, registra um número crescente de assassinatos. Desde o ano passado, mais de 10 garimpeiros foram mortos na disputa por áreas de exploração.

 

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