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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

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Contra a lei, Alerj restringe transparência e acesso a dados públicos

Sistema disponibilizado pela Assembleia dificulta requerimentos feitos por cidadãos
05/08/2024 | 05h00

Há ao menos um ano e meio a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) descumpre a legislação de transparência e restringe o acesso dos cidadãos a informações que deveriam ser públicas.

O sistema disponibilizado para que a população faça requerimentos de informação desrespeita diversos itens da Lei de Acesso à Informação (LAI): não gera um protocolo para consulta ou qualquer tipo de comprovação de que a solicitação de fato foi feita.

Quando há resposta, também não é possível recorrer da decisão — pela lei, o órgão público é obrigado a dar essa possibilidade dentro de um prazo de dez dias após a resposta em primeira instância.

Usuários frequentes do sistema relataram que o descumprimento dos prazos legais para respostas também é constante.

Prazos da lei são descumpridos

Isso ocorreu, por exemplo, com o requerimento feito pela coluna para obter os registros de acesso de Domício Barbosa de Sousa — apontado pela Polícia Federal como elo entre a maior milícia do Rio e a deputada estadual Lucinha (PSD-RJ) — ao prédio da Alerj.

O pedido foi feito pela coluna no dia 18 de dezembro de 2023, data da operação que revelou o vínculo entre os dois. Contudo, só passou a constar no sistema da Alerj em 9 de janeiro de 2024. A LAI determina que a resposta seja dada em 20 dias corridos, prorrogáveis por mais dez. Ainda sim, a casa descumpriu o prazo e só respondeu a solicitação em 20 de maio.

Neste caso, ocorreu outra situação frequente relatada por usuários do sistema: as negativas de informação sem embasamento legal. No pedido feito pela coluna, a Alerj negou-se a dar as informações afirmando que o acesso a elas “gera risco à segurança da Alerj”, sem qualquer fundamentação. A casa também não disponibilizou a decisão que embasa a negativa, nem identificou o servidor responsável por ela.

A casa também não cumpre todos os ditames relacionados à transparência ativa, ou seja, informações que são divulgadas pelo órgão público de maneira espontânea. A legislação determina que elas estejam sempre atualizadas. No entanto, os dados sobre gastos com verba de gabinete dos parlamentares não são atualizados desde maio.

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