Há ao menos um ano e meio a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) descumpre a legislação de transparência e restringe o acesso dos cidadãos a informações que deveriam ser públicas.
O sistema disponibilizado para que a população faça requerimentos de informação desrespeita diversos itens da Lei de Acesso à Informação (LAI): não gera um protocolo para consulta ou qualquer tipo de comprovação de que a solicitação de fato foi feita.
Quando há resposta, também não é possível recorrer da decisão — pela lei, o órgão público é obrigado a dar essa possibilidade dentro de um prazo de dez dias após a resposta em primeira instância.
Usuários frequentes do sistema relataram que o descumprimento dos prazos legais para respostas também é constante.
Prazos da lei são descumpridos
Isso ocorreu, por exemplo, com o requerimento feito pela coluna para obter os registros de acesso de Domício Barbosa de Sousa — apontado pela Polícia Federal como elo entre a maior milícia do Rio e a deputada estadual Lucinha (PSD-RJ) — ao prédio da Alerj.
O pedido foi feito pela coluna no dia 18 de dezembro de 2023, data da operação que revelou o vínculo entre os dois. Contudo, só passou a constar no sistema da Alerj em 9 de janeiro de 2024. A LAI determina que a resposta seja dada em 20 dias corridos, prorrogáveis por mais dez. Ainda sim, a casa descumpriu o prazo e só respondeu a solicitação em 20 de maio.
Neste caso, ocorreu outra situação frequente relatada por usuários do sistema: as negativas de informação sem embasamento legal. No pedido feito pela coluna, a Alerj negou-se a dar as informações afirmando que o acesso a elas “gera risco à segurança da Alerj”, sem qualquer fundamentação. A casa também não disponibilizou a decisão que embasa a negativa, nem identificou o servidor responsável por ela.
A casa também não cumpre todos os ditames relacionados à transparência ativa, ou seja, informações que são divulgadas pelo órgão público de maneira espontânea. A legislação determina que elas estejam sempre atualizadas. No entanto, os dados sobre gastos com verba de gabinete dos parlamentares não são atualizados desde maio.
Relacionados
Deputado do PL do Rio nomeia ex-secretário suspeito de negociar com chefes do CV
Ex-secretário foi acusado de falsidade ideológica por supostamente apresentar informações falsas à Penitenciária Federal de Catanduvas
Rock in Rio pressionava Bombeiros por liberação, diz ex-secretário
Declaração aconteceu na CPI da Transparência, da Assembleia Legislativa (Alerj)
Lucinha é condenada por peculato: pena é de 4 anos e 5 meses de prisão e perda de mandato
Parlamentar nomeou homem como assessor de gabinete da Alerj, mas ele trabalhava como pedreiro e cabo eleitoral