O consumo da tadalafila, medicamento indicado para tratar disfunção erétil, cresceu de forma expressiva no Brasil. Somente em 2024, foram vendidas 64 milhões de unidades, representando um recorde histórico no país. O aumento nas vendas reflete, em parte, o uso indiscriminado da substância, inclusive por homens sem diagnóstico médico para disfunção erétil.
O uso frequente do remédio, sem orientação profissional, tem gerado preocupações na comunidade médica. Embora a tadalafila não cause dependência química, seu uso fora das indicações clínicas pode levar ao desenvolvimento de uma dependência psicológica. Isso ocorre quando o indivíduo passa a associar o bom desempenho sexual ao uso constante do medicamento, acreditando não ser capaz de manter relações satisfatórias sem ele.
Atualmente, a tadalafila é vendida livremente em farmácias brasileiras, sem a exigência de prescrição médica. Esse cenário é diferente do que acontece em países como Estados Unidos e nações da Europa, onde a compra é controlada e depende de receita médica. A facilidade de acesso no Brasil contribui para o crescimento expressivo das vendas, que hoje são 20 vezes maiores do que há uma década.

Uso indevido e aumento no número de usuários preocupa especialistas, para eles, remédio pode trazer dependência emocional (Foto: Reprodução)
Efeitos colaterais e riscos à saúde
O uso do medicamento sem acompanhamento médico oferece riscos. Entre os efeitos adversos mais comuns estão dor de cabeça, congestão nasal, rubor facial, sensação de calor e dores musculares. Além disso, há risco de interações perigosas, especialmente com medicamentos à base de nitratos, utilizados no tratamento de angina e outras doenças cardíacas. A associação dos dois pode provocar quedas bruscas na pressão arterial, com risco para a saúde.
Quando o uso de tadalafila é indicado
A tadalafila tem indicação médica específica para três situações: disfunção erétil, sintomas urinários decorrentes do aumento benigno da próstata e hipertensão pulmonar, essa última sob supervisão de um pneumologista. O uso em qualquer uma dessas condições exige avaliação médica criteriosa, considerando fatores como histórico de saúde, presença de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, e outros aspectos clínicos.
O medicamento não é indicado para homens que apresentam função erétil normal. Seu uso, nesses casos, não traz benefícios e pode gerar prejuízos emocionais e psicológicos. Quem já faz uso por conta própria pode interromper imediatamente, já que a tadalafila não requer redução gradual. No entanto, é possível que a interrupção provoque insegurança emocional e dificuldades de desempenho decorrentes da dependência psicológica criada durante o uso.
Como melhorar o desempenho de forma segura
Para quem busca melhorar a performance sexual, a orientação médica é fundamental. O acompanhamento com urologistas permite avaliar a real necessidade de tratamento. Já os objetivos relacionados ao aumento de energia, disposição ou ganho de massa muscular devem ser tratados com endocrinologistas e nutricionistas, que podem indicar estratégias seguras e eficazes para alcançar esses resultados sem o uso indevido de medicamentos.
O uso da tadalafila, assim como de qualquer outro medicamento, deve ser restrito às indicações médicas. A automedicação representa um risco real à saúde e não deve ser utilizada como solução para demandas que não possuem relação direta com o quadro clínico do paciente.
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