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Deputada Daiana Santos sofre nova ameaça de morte de cunho racista e misógino

Parlamentar do Rio Grande do Sul é presidente da Comissão dos Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial
22/08/2024 | 05h01

Por Brasil de Fato

A deputada federal gaúcha Daiana Santos (PCdoB) recebeu na manhã desta terça-feira (20) um e-mail com uma ameaça de morte e de teor racista e misógino. Essa não é a primeira vez que a parlamentar recebe esse tipo de mensagem. No ano passado, ela e outras parlamentares receberam ameaça de “estupro corretivo”. Em 2022, quando era vereadora de Porto Alegre, foi vítima de mais uma ameaça de morte. Presidenta da Comissão dos Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial, Daiana registrou no início desta tarde um boletim de ocorrência.

Em um dos trechos da mensagem, o autor afirma que a parlamentar é “uma vergonha para todo o cidadão do RS” e que Daiana “jamais será reconhecida como uma cidadã legítima do RS”, onde “a grande maioria da população é branca”.

“Ameaças como essa não irão me silenciar”, diz deputada (Foto: Sthefane Felipa)

Em outro trecho menciona o cargo de presidenta da Comissão dos Direitos Humanos e afirma que a escolha pela deputada se deu apenas para “posicionar macacos” em “cargos insignificantes”. Por fim, o criminoso descreve o “perfil” de parlamentar que ele gostaria de assassinar: “macaco”, “sapatona”, “nordestino” ou “homossexual”.

“Ameaças como essa não irão me silenciar. É exatamente isso que o autor quer: me amedrontar e me paralisar. Sou uma parlamentar que ocupa cargos relevantes dentro da Câmara Federal. Sou uma mulher negra, lésbica e defensora dos direitos humanos. O meu perfil incomoda e causa estranheza naqueles que desejam que a política siga sendo um lugar ocupado por um perfil específico. Por isso, repito: não irão me silenciar”, ressalta a parlamentar que está à frente da coordenação do eixo de Violência do Observatório Nacional da Mulher na Política.

Ameaças

Na avaliação de Daiana, episódios como esses reforçam a importância de termos mais negros e negras, mulheres e pessoas LGBTI+ nos espaços de poder. De acordo com ela, a representatividade, quando atrelada ao compromisso com os direitos humanos e a justiça social, é de fato impactante para a sociedade.

“O envio desse tipo de ameaça em meio ao período eleitoral não é uma coincidência, tendo em vista a ampliação das candidaturas de negros e negras e, pela primeira vez, um levantamento oficial da participação de pessoas LGBTI+”, afirma.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o percentual de candidatos negros (soma de pretos e pardos) é o maior das últimas três campanhas. Entre aqueles que estão se candidatando a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, 52,73% se declaram negros. Em 2020, esse total foi de 50,02% e em 2016, de 47,75%. Este é o primeiro ano em que os candidatos puderam divulgar sua orientação sexual à Justiça Eleitoral. Ao menos 2.396 pessoas LGBTI+ participaram das eleições: 1.037 gays, 644 lésbicas, 452 bissexuais, 191 assexuais e 72 pansexuais.

 

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