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Terminou em confusão a sessão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara desta quarta-feira (13). Houve uma discussão iniciada pelo deputado Eder Mauro (PL–PA), que se referiu a Marielle Franco, a vereadora carioca assassinada em 2018, desrespeitosamente. A morte dela completa seis anos nesta quinta-feira (14).

“Marielle Franco acabou, porra. Não tem porra nenhuma aqui”, vociferou o parlamentar bolsonarista.

Eder Mauro misturou assuntos completamente desconexos para acusar deputados de esquerda de não condenarem os ataques violentos promovidos pelo Hamas a Israel, “mas que se fosse Marielle estariam até hoje (na defesa)”.

A deputada Talíria Petrone (PSOL–RJ) reagiu com gritos de “torturador” e “matador”. Os deputados Gilvan da Federal (PL–ES) e Hélio Lopes (PL–RJ) se juntaram a Eder Mauro, enquanto deputada Daiana Santos (PCdoB–RS) — presidente.da comissão — e o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL–RJ) saíram em auxílio de Talíria.

Os bolsonaristas saíram da sessão sob gritos de “Marielle vive!”.

A sessão de hoje deveria ser dedicada à “economia do cuidado”. .

Relato de Henrique Vieira

O deputado Henrique Vieira detalhou nas redes sociais o que ocorreu na comissão.

“A Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados teve que ser interrompida agora há pouco, quando deputados da extrema-direita tumultuaram o debate. Tentaram interromper e acuar a companheira Talíria Petrone, impediram minha fala e implodiram a reunião, gritando frases como ‘Marielle acabou’ e ‘é só falar na porr* da Marielle que dá nisso [discussão]’. A presidente do colegiado Daiane Santos também foi desrespeitada”, escreveu ele.

Para Henrique Vieira, divergências e pluralidade de perspectivas são saudáveis e bem-vindas, mas o projeto dos extremistas fere a própria democracia e transforma o ódio em política. “É uma crise civilizatória, que glorifica a violência e o ódio e despreza a dignidade humana. Uma moralidade hipócrita, que produz um sistema de banalização da vida e morte. Fere a democracia e o livre debate de ideias”, critica.

Caso Marielle

Na noite de 14 de março de 2018, Marielle Franco e seu motorista passavam de carro — um Agile branco — pelo bairro do Estácio, quando um Cobalt prata emparelhou com o veículo e abriu fogo. Marielle e Anderson morreram na hora, enquanto a assessora da vereadora, Fernanda Chaves, foi a única sobrevivente.

Caso Marielle Franco

Vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. Foto: Divulgação

Os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz estão presos desde 2019, ambos denunciados pelo GAECO/ MPRJ como executores da vereadora e do motorista. Também estão presos o ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Correa, o Suel, apontado na delação de Élcio de Queiroz como a pessoa que monitorou os passos da vereadora, e Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha, apontado como o responsável por desmanchar o carro usado no crime.

Júri Popular

A Força-tarefa Marielle Franco e Anderson Gomes do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou as alegações finais na ação penal movida contra o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, e pede que ele seja julgado pelo Tribunal do Júri pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018. A informação é da Agência Brasil.

De acordo com o MPRJ, nas conclusões do parecer, além do julgamento, os promotores Eduardo Morais Martins e Mario Jessen Lavareda pedem que o réu seja pronunciado por homicídio duplamente qualificado contra Marielle e Anderson, além de uma tentativa de homicídio duplamente qualificado contra Fernanda Chaves, assessora da vereadora, que estava no mesmo carro no dia do crime.

Os promotores pedem ainda que Suel seja julgado por receptação referente ao veículo Cobalt, usado no crime, e a manutenção da prisão preventiva do réu em presídio federal de segurança máxima.

No dia 24 de julho do ano passado, Suel foi preso na Operação Élpis, deflagrada pela Polícia Federal e o MPRJ, na primeira operação realizada desde que a PF assumiu as investigações no início de 2023.

Por atrapalhar as investigações, Suel foi condenado em 2021 a 4 anos de prisão e cumpre pena em regime aberto. Em 2020, ele tinha sido preso na Operação Submersos II.

Segundo o MPRJ, Suel e o ex-policial militar Ronnie Lessa, denunciados na primeira fase da operação, lideravam o esquema criminoso. Os dois já estão presos, porque são apontados de participação nas mortes da vereadora e do motorista.

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