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Deslizamento de aterro sanitário aflige moradores em Padre Bernardo (GO)

O lixo caído atingiu o Córrego Santa Bárbara que atravessa a região
26/06/2025 | 18h02
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Desde o deslizamento de um aterro sanitário privado no distrito de Monte Alto, em Padre Bernardo (GO), no dia 19 de junho, moradores da região têm sofrido com os problemas decorrentes do desastre ambiental causado pelo acidente. Os resíduos provenientes da montanha de lixo desceram encosta abaixo e atingiram as nascentes do Córrego Santa Bárbara, provocando graves danos ambientais. As informações são do Correio Brasiliense.

“Tem dia que chegamos e tem 300 urubus empilhados nas cercas de tanto fedor”, relatou Francisco Ramalho, 65 anos, um dos moradores do local. Ele disse que já sofre com o aterro desde 2016, tendo que lidar diariamente com o chorume, mau cheiro e animais contaminados.

Os danos causado pelo desmoronamento às águas da região são o que mais preocupam. A secretária de Meio Ambiente de Goiás, Andréa Vulcanis, diz que a situação em Padre Bernardo é muito crítica e muito grave. “Esse lixo atingiu o curso da água e isso provoca — com esse chorume que, agora, começa a escorrer para dentro da água — muitos impactos ambientais. São danos gravíssimos”, pontuou a secretária.

A prefeitura decretou estado de emergência e voltou a pedir o fechamento definitivo do lixão. Segundo ela, dos 15 mil moradores do distrito, os mais afetados são do bairros Itapety, Ouro Verde e região da Vendinha, e as famílias ribeirinhas.  “Nunca vimos algo assim. Estamos no sétimo dia do ocorrido e a situação ainda é crítica. A população precisa de respostas e soluções”, disse o prefeito da cidade, Joseleide Lázaro.

Rafael Ramalho, filho de Francisco, relembra como a região costumava ser. “Tinha cachoeira, vinha gente da escola, trazia meus amigos para cá. Uma alegria só. Hoje não tem mais peixe, o gado adoece, a água não serve mais”.

aterro

Aterro em Padre Bernardo (Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Impacto do aterro

Christian Della Giustina, especialista em meio ambiente o doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), diz que esse desmoronamento é uma grave ameaça ao equilíbrio ambiental dos corpos d’água atingidos nos arredores do local.

Segundo ele, o chorume é altamente poluente por ser rico em metais pesados, patógenos e coliformes, que podem alterar o pH da água e favorecer a solubilidade desses metais. Ele explica que isso causa um colapso no ecossistema aquático da região, matando peixes e organismos sensíveis à degradação da qualidade da água.

O problema se agrava pois a zona atingida foi justamente um rio, que possui baixa vazão, com pouco poder de diluição de poluentes, aumentando os riscos de contaminas a fauna que beber a água, e causando perda irreversível de biodiversidade.

“Deveria ter havido um plano emergencial imediato. É preciso responsabilizar os envolvidos e iniciar urgentemente um programa de avaliação dos danos à biota”, defende Giustina.

Outro risco que o aterro representa é o de incêndio. Segundo o prefeito da cidade, parte do lixo pegou fogo, e caso o incêndio subterrâneo não for controlado, ele pode durar meses e gerar uma nuvem de fumaça tóxica. Nós acionamos o Corpo de Bombeiros e exigimos uma resposta imediata da empresa responsável”, informou.

No último dia 20, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou uma vistoria no local e identificou instabilidade na montanha de resíduos, com risco de novos desabamentos. Como medida emergencial, o local foi interditado e impedido de receber novos carregamentos de lixo.

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