Recentemente, a reunião sobre o Programa de Gestão por Desempenho (PGD) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) gerou controvérsia ao expor uma fala do Diretor de Governança, Planejamento e Inovação, Ismênio Bezerra. Durante o encontro, Bezerra afirmou: “Quem não quer trabalhar vai entrar em depressão, sabe?”. A declaração foi prontamente reprovada pelos servidores, e a repercussão no ambiente organizacional foi imediata.
Este episódio lança luz sobre o assédio Institucional no setor público e o delicado equilíbrio entre a liderança e as condições de trabalho. A fala do diretor não só expõe uma visão limitada sobre os fatores que influenciam o desempenho dos servidores, como também revela uma compreensão superficial dos desafios emocionais e psicológicos que podem surgir no contexto de uma administração pública com altos níveis de pressão.
A afirmação de Bezerra parece simplificar questões complexas como motivação, saúde mental e bem-estar dos servidores. Quando um líder, especialmente de uma instituição pública relevante como o INSS, utiliza um tom tão desconsiderado sobre o estado emocional dos seus funcionários, a mensagem que se passa não é de incentivo, mas de deslegitimação das dificuldades que impactam muitas vezes a produtividade e a qualidade de vida no ambiente de trabalho.
Gestão por desempenho: a questão das expectativas e da saúde mental
A gestão por desempenho, tema central do programa discutido na reunião, é uma abordagem cada vez mais presente no setor público, que visa melhorar a eficiência e a eficácia dos serviços prestados à população. No entanto, a sua implementação tem gerado preocupações, especialmente quando mal administrada. A pressão para atingir metas rígidas, sem considerar a realidade dos servidores ou a disponibilização dos recursos adequados para o seu apoio, pode gerar uma cultura de exaustão e desânimo.
Em vez de promover um ambiente de cooperação e melhoria contínua, afirmações como a de Bezerra podem criar um clima de desconfiança, de desvalorização do papel do servidor público e de estigmatização das questões relacionadas à saúde mental. Isso é particularmente problemático em um contexto em que os servidores públicos desempenham funções essenciais para a sociedade, como no caso do INSS, onde a população depende do bom funcionamento da instituição para acessar seus direitos.
Reflexões sobre liderança e gestão pública
É crucial entender que um líder não apenas organiza e orienta, mas também influencia diretamente o bem-estar da equipe. Estudos sobre liderança mostram que a maneira como um líder se comunica e estabelece suas expectativas tem um impacto profundo sobre a moral e o comportamento dos funcionários.
Portanto, a liderança eficaz no serviço público exige mais do que apenas cobranças por metas. É necessária uma comunicação empática, que considere as dificuldades que os servidores enfrentam no dia a dia. Além disso, os gestores devem ser preparados para lidar com a diversidade de condições psicológicas dos colaboradores, incluindo aqueles que podem estar enfrentando problemas de saúde mental, como a depressão, que não se resolve com a simples imposição de trabalho ou pressão.
Conclusão: a necessidade de empatia na gestão pública
Esse episódio não é apenas sobre uma fala infeliz, mas uma reflexão necessária sobre a forma como se vê e trata o servidor público. Ao invés de minimizar os problemas enfrentados, é necessário que os gestores adotem uma postura mais sensível, acolhedora e transparente. A gestão pública precisa ser mais humana, com foco na melhoria do ambiente de trabalho, na valorização do servidor e na criação de condições adequadas para que ele possa desempenhar suas funções com qualidade e sem comprometer sua saúde.
Relacionados
INSS antecipa pagamento de aposentados e pensionistas em março
Decisão evita que o carnaval de 2025, que cai no início de março, afete o pagamento de aposentadorias e pensões
Revisão da vida toda do INSS: STF tem 3 votos contra devolução de valor
Julgamento do recurso começou na sexta-feira (14), no plenário virtual, e vai até sexta-feira (21)
STF volta a julgar revisão da vida toda do INSS
Ministros vão avaliar recurso da Federação dos Metalúrgicos