O universitário Igor Melo de Carvalho, de 25 anos, foi baleado na madrugada desta segunda-feira (24) ao ser confundido com um dos responsáveis pelo furto do celular da esposa do policial militar aposentado Carlos Alberto de Jesus, na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. O policial admitiu que fez o disparo e o acusou de envolvimento no crime.
Igor, que é estudante de Comunicação e trabalha como garçom em uma casa de samba na região, voltava para casa de mototáxi quando foi perseguido por um carro. O motorista, identificado como um PM da reserva, acreditava que Igor fosse um dos assaltantes e iniciou uma perseguição.
Durante a abordagem, o policial disparou contra o mototáxi, atingindo Igor nas costas. O estudante foi hospitalizado no Hospital Estadual Getúlio Vargas, também na Penha. Segundo relatos de amigos e familiares, ele está internado sob custódia na unidade. Seu estado de saúde é grave.
Na saída do trabalho, Igor (de óculos) pediu um mototáxi
As imagens de câmeras de segurança do circuito interno da casa de samba onde ele trabalha aos sábados e domingos mostram o rapaz esperando o mototáxi na saída do estabelecimento à 1h06. Ele usava a roupa de garçom do local quando foi baleado nas costas.
Igor cobria jogos do Botafogo para seu canal no YouTube
Quando passava pelo viaduto da Penha, Igor percebeu um carro dirigindo em alta velocidade atrás da moto. Logo na sequência, quem estava dentro do carro começou a disparar. Depois de atingido, ele se rastejou para fora da pista até a entrada de uma casa. De lá, ligou para o dono da casa de samba que trabalha pedindo socorro.
Igor perdeu um rim em decorrência do disparo. Até o início da tarde ele estava internado no Getúlio Vargas sob custódia (ou seja, detido). Após as 14h essa custódia foi cancelada.
Algumas perguntas pertinentes ao episódio:
Se Igor fosse um homem branco, Igor despertaria a suspeita da mulher do PM reformado Carlos Alberto de Jesus?
Se Igor fosse um homem branco, o PM reformado atiraria nele?
Se Igor fosse um homem branco, receberia voz de prisão, mesmo após ser baleado por alguém que o acusava sem nenhuma prova?
Se Igor fosse branco, o homem que tentou matá-lo receberia voz de prisão em flagrante por tentativa de homicídio, como prevê a lei?
A mulher de Igor, Marina Moura, tem resposta para essas perguntas.
“Está acontecendo uma injustiça e um racismo. A bala atinge sempre um corpo preto. Hoje a gente poderia chorando a morte dele”, disse ela aos jornalistas. Em outra entrevista, ela falou que o marido foi mais uma vítima de racismo estrutural.
LEIA:
Audiência de custódia libera universitário e motociclista vítimas de PM no Rio
Pergunte ao Chat ICL
Relacionados
Notebook na mochila salva motociclista baleado em assalto na zona oeste de SP
Como o computador absorveu o impacto, o projétil não atravessou o corpo do homem
As lutas que nunca serão tendência da estação
São Paulo não terá a Feira Preta em 2025
