Por Heloisa Vilela
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social reuniu jornalistas na sede da empresa, no Rio de Janeiro, para anunciar o lançamento do BNDES Periferias, projeto que visa promover inovação, novos negócios, gerar emprego e renda nas comunidades e periferias do país. A economista Tereza Campello, diretora do banco, está à frente da iniciativa e destacou que serão projetos grandes, com orçamento mínimo de R$ 5 milhões cada, desenhados pelas comunidades.
O banco destinou R$ 50 milhões para o BNDES Periferias, a fundo perdido. Não é um crédito, um empréstimo. O dinheiro sairá do Fundo Socioambiental composto pelo lucro do banco e destinado a projetos não reembolsáveis. O banco quer dobrar o volume de investimentos atraindo parceiros para aplicar a outra parte.
A ideia é criar polos, com estruturas físicas novas ou remodeladas, dentro das comunidades e fechar parcerias com o Senai, por exemplo, para gerar capacitação profissional e incentivar a criação de novos negócios ou dar apoio aos que já existem.
Para aprovar o recurso, o BNDES exige que a organização ou entidade responsável pelo projeto já tenha histórico de atuação no território. Além dos polos de desenvolvimento e cultura, também faz parte do BNDES Periferias o programa de conectividade das favelas do Brasil.
BNDES: Fortaleza
Fortaleza será a primeira capital do país com 100% de conectividade em todas as comunidades do município, já dentro desse programa. Aluízio Mercadente, presidente do banco, disse que a falta de acesso à internet foi um dos grandes problemas que as comunidades enfrentaram durante a pandemia, o que deixou muitos alunos sem acesso às aulas remotas e ao material didático.
Antes de anunciar o lançamento do programa, o banco reuniu 50 entidades dos movimentos sociais em uma oficina para ouvir e dar ideias. Tereza Campello explicou que o BNDES Periferias está em construção, com as associações e representantes das comunidades, porque a ideia é justamente essa: ouvir e trabalhar junto com essas organizações.
Durante a pandemia, muitas comunidades, abandonadas à própria sorte pelo governo Bolsonaro, criaram estruturas próprias para sobreviver e se proteger. Cuidar da saúde dos vizinhos, ter certeza que todos tinham comida. Outras comunidades, como a Maré, já têm trabalhos de longa data, que também vão informar e formatar o BNDES Periferias.
Mercadante descreveu o quadro que encontrou quando assumiu a presidência do BNDES no começo do governo Lula, há um ano.
“Em 2022 o banco tinha R$ 90 bilhões em caixa, em 2023 tinha apenas R$ 16 bilhões e tinha que pagar R$ 23 bilhões de subsídios ao Tesouro Nacional”, disse.
Por meio de um acordo com o TCU essa dívida foi parcelada. O que ele viu, de perto, foi o resultado de seis anos de Temer-Bolsonaro com a tentativa de destruir as instituições públicas.
“O objetivo era apequenar o banco. Era privatizar o Banco do Brasil e retirar recursos do BNDES”, disse Mercadante.
Deixe um comentário