Enquanto o mercado financeiro joga contra a economia brasileira, inclusive errando quase cem por cento das projeções para baixo, 62% dos CEOs do varejo apostam em aceleração da economia nos próximos 12 meses, como mostra a pesquisa CEO Survey, realizada pela PwC e divulgada nesta terça-feira (28).
Os entrevistados também não apontam a taxa básica de juros, a Selic, que está em trajetória de alta, nem o dólar como fatores que podem pesar no futuro, mas sim, a falta de mão de obra qualificada.
De novembro para dezembro, uma edição da pesquisa mostrava que 73% do empresariado entrevistado (não só restrito à área do varejo) estava otimista a respeito de uma aceleração da economia brasileira nos próximos 12 meses, apesar da eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
Na avaliação de Luciana Medeiros, sócia e líder da indústria de Consumo e Varejo da pesquisa, o cenário de pleno emprego e de renda mais alta no país, justificam as boas perspectivas para a economia esperada pelos CEOs do varejo.
“Não há perspectiva de um revés na taxa de desemprego e esse é um dos fatores para o consumo”, explicou ao blog da jornalista Míriam Leitão, em O Globo.
O que preocupa os CEOs do varejo nos próximos 12 meses
Embora se destaquem no país preocupações com a alta da Selic, que pode contrair investimentos e crédito, e a disparada recente do dólar, os executivos do varejo estão mesmo é preocupados com a falta de mão de obra qualificada. Esse aspecto é apontado por 41% deles na pesquisa.
Algumas demais preocupações deles para os próximos 12 meses são:
- Risco cibernéticos (31%);
- Inflação (18%); e
- Instabilidade macroeconômica (26%).
Segundo Luciana, a falta de mão de obra qualificada afeta, principalmente, o “front da loja”. “Falta de profissionais de atendimento, como vendedor, promotores, é geral. Na feira da NFR [maior associação de comércio do mundo], realizada neste mês, em Nova York, foram muito discutidas histórias que mostravam a importância do funcionário ter a cultura da empresa e como essa vivência melhora a experiência do consumidor. Essa falta de qualificação pode ser refletida em filas, por exemplo, o que prejudica a experiência do cliente e pode afetar a marca”, diz Luciana.
Além disso, os executivos apontaram que o uso de tecnologia é visto como indispensável à sobrevivência do negócio.
Por essa razão, 82% deles planejam a integração de inteligência artificial (IA) para o desenvolvimento de competências e aprimoramento da força de trabalho. O percentual está muito acima da média nacional, que é de 46%
Um terço dos executivos também apontou para a necessidade de reinvenção do negócio para que a empresa possa sobreviver nos próximos dez anos.
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