A ex-presidente Dilma Rousseff, recém reconduzida à presidência do banco dos Brics, disse, nesta quarta-feira (14), que o projeto para construção da Ferrovia Bioceânica já recebeu a aprovação do presidente da China, Xi Jinping.
O projeto para criar uma ligação ferroviária do Brasil com o Pacífico é um antigo sonho, pois a obra visa a facilitar e cortar os custos das exportações brasileiras destinadas ao mercado asiático, principalmente para a China.
“Ele [Xi Jinping] falou que vai fazer. Ele sabe o que é importante para nós e nós sabemos o que é importante para eles. E quando ele diz que vai acontecer, as coisas acontecem”, afirmou Dilma.
Ela avaliou que a China é um parceiro natural para o projeto, principalmente depois da inauguração em novembro do Porto de Chancay, no Peru, que tem participação majoritária da estatal chinesa Cosco. O porto seria um dos destinos da ferrovia bioceânica.
O presidente Lula (PT) retorna hoje de viagem à Rússia e à China. Ele anunciou a chegada de aproximadamente R$ 27 bilhões em novos investimentos chineses no Brasil. A declaração foi feita por Jorge Viana, presidente da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), na segunda (12) após um encontro entre empresários dos dois países em Pequim.
A viagem de Lula à China, que contou com a presença de 11 ministros, do presidente do Senado Davi Alcolumbre, além de cerca de 200 empresários brasileiros, reflete a intenção do governo de estreitar ainda mais os laços econômicos e diplomáticos com o país asiático. Antes de desembarcar em Pequim, a comitiva também passou pela Rússia, onde Lula se reuniu com Vladimir Putin e defendeu um cessar-fogo na Ucrânia.
Dilma não dá prazos nem valores da obra
Dilma não quis falar em prazos, afirmando que esse processo precisa obedecer seu próprio ritmo dentro do contexto das negociações entre Brasil e China.
A presidente, que vive em Xangai, passou os últimos dias em Pequim, onde participou da agenda do presidente Lula na capital chinesa.
A presença de Dilma no gigante asiático tem sido importante para o estabelecimento de parcerias e investimentos chineses no Brasil. A visita de Lula teve como foco avançar em projetos de infraestrutura no Brasil com participação de empresas e capital da China.
Entre os acordos assinados ao fim da visita está um memorando de entendimento para promover condições de “sinergia” entre a iniciativa chinesa conhecida como “nova rota da seda“, e os programas de desenvolvimento do Brasil.
Durante a visita oficial de Lula, os bancos centrais do Brasil e da China também assinaram, na terça-feira (13), um acordo de troca (swap) de moedas, marcando mais um passo no aprofundamento das relações econômicas entre os dois países. O principal objetivo do acordo é fornecer liquidez aos mercados financeiros de ambos os países em momentos de necessidade.
Entenda o projeto
A proposta da Ferrovia Bioceânica se trata de uma linha de trem que conectaria o porto de Chancay, no Peru, ao porto de Ilhéus, na Bahia, passando por estados como Acre e Tocantins.
A proposta é criar um corredor ferroviário ligando os oceanos Pacífico e Atlântico, com o objetivo de facilitar o escoamento de cargas entre os dois continentes.
A ideia da ferrovia não é nova e remonta à década 1950, mas ganhou força renovada em 2014, quando os governos brasileiro, peruano e chinês estabeleceram uma parceria para o financiamento e o compartilhamento dos estudos da construção da ferrovia.
Atualmente, a ferrovia é considerada estratégica para a operação do megaporto de Chancay, o maior investimento da China na América do Sul. A estatal chinesa Cosco Shipping aportou US$ 1,3 bilhão no projeto.
Para ganhar escala e competitividade, no entanto, a estrutura portuária peruana depende da conexão ferroviária com o território brasileiro.
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