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Os dados das vendas do varejo divulgados nesta manhã de sexta-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) acendem um sinal de alerta sobre a economia brasileira. Na avaliação da economista e apresentadora do ICL Mercado e Investimentos, Deborah Magagna, o cenário leva a crer que a economia parece estar vivendo um “pouco forçado”, um jargão do economês que significa uma desaceleração mais forte que o esperado.

“O ‘pouso suave’ acontece quando a taxa de juros faz com que a economia desacelere suavemente. Já o ‘pouso forçado’ é um ‘pouso de mergulho’, e parece que a nossa desaceleração está com mais cara de ‘pouso forçado’ do que de ‘pouso suave’, por isso está trazendo muita preocupação”, disse a economista na edição desta sexta-feira do programa transmitido pelo canal do ICL (Instituto Conhecimento Liberta) no YouTube.

De acordo com os dados do IBGE, o volume de vendas do varejo do país teve variação de -0,1% em janeiro de 2025. Com isso, o setor mostra estabilidade e se mantem apenas 0,6% abaixo do seu patamar recorde, que foi atingido em outubro de 2024. Na comparação com janeiro do ano passado, as vendas do varejo cresceram 3,1%, a vigésima taxa positiva nessa comparação.

Porém, segundo Deborah, o dado preocupa porque, em dezembro o setor já viveu um período desacelerado. “O mês de dezembro [queda de 1,3%] não foi bom para o varejo. e o mês de dezembro é um mês historicamente mais forte porque a gente tem as festas de fim de ano (…). Claro que agora a gente está tendo uma antecipação disso por conta da Black Friday, mas novembro também não foi espetacular”, pontuou.

“A gente começa a ter uma preocupação do quanto a taxa de juros já está afetando o setor do varejo. Este setor, ao lado da construção civil, é o primeiro que começa a sofrer em consequência disso [alta dos juros]”, completou Deborah.

Por que esse movimento ocorre? Os brasileiros, segundo a economista, não têm recursos para comprar à vista e, por isso, recorrem ao crédito. Como a Selic sobe o custo da tomada de crédito, esse movimento reduz o poder de compra das famílias.

Selic impacta varejo e, também, os serviços

Atualmente, a taxa básica de juros, a Selic, está em 13,25% ao ano. Nos próximos dias 18 e 19 de março, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne para anunciar sua decisão sobre os juros.

O próprio comitê, na ata da última reunião, indicava mais uma alta de 1 ponto percentual na Selic na reunião da próxima semana, devido ao cenário adverso. Se isso acontecer, a taxa de juros, que baliza todas as demais da economia, subirá para 14,25%, o mesmo patamar de 2016.

Mas como o aperto monetário, iniciado com mais força em novembro, começa a gerar resultado, a dose de ajuste pode ser menor. O fato é que o aumento deve mesmo vir.

Deborah pontuou também que, além do varejo, o setor de serviços também sente os efeitos da Selic.

Na quinta-feira (13), o IBGE divulgou que o volume de serviços recuou 0,2% em janeiro de 2025 na comparação com o mês anterior, quando ficou estável (0,0%). Em relação a janeiro de 2024, o setor avançou 1,6%, décima taxa positiva consecutiva.

“A Pesquisa Mensal de Serviços mostrou justamente a desaceleração do consumo das famílias”, disse a economista. “Quando os juros sobem, as pessoas entram de novo naquela sinuca entre consumir um serviço e comprar uma ‘coisinha’. Normalmente isso estoura do lado mais fraco da corda, que é o trabalhador”, completou.

Assista à análise completa de Deborah Magagna no vídeo abaixo:

 

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