As mulheres foram as mais beneficiadas com a criação de emprego formal no Brasil nos oito primeiros meses deste ano, segundo pesquisa do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
O estudo, das pesquisadoras Janaína Feijó e Helena Zahar, foi realizado com base em dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Os dados mostram que o número de vagas formais para mulheres cresceu de 551.237 para 800.269 de janeiro a agosto de 2023 para o mesmo período de 2024, alta de 45,2%. Enquanto isso, o saldo entre os homens passou de 841.273 em 2023 para 926.290 em 2024, representando um aumento de 10,1%.
Os dados do Caged consideram a diferença entre contratações e demissões no mercado de trabalho formal.
O crescimento expressivo no saldo feminino, segundo as pesquisadores, gerou uma mudança na composição do saldo total de vagas criadas, o tornando-o menos desigual.
No acumulado de janeiro a agosto de 2023, cerca de 60,4% do saldo de empregos criados no Brasil foi ocupado por homens e apenas 39,6% por mulheres. Já no acumulado deste ano, a participação delas no saldo total subiu para 46,4%. Ou seja, ocorreu um incremento de quase 7 pontos percentuais.
Além disso, a composição do saldo acumulado de 2024 também ficou mais equilibrada do que em 2022, ano de bom desempenho devido à forte recuperação da economia. Em 2022, 56% das vagas foram preenchidas por homens e 44% por mulheres.
Escassez de mão de obra e mais oferta de vagas contribuíram para elevar o emprego formal entre mulheres
Segundo as pesquisadoras que conduziram o estudo, dois fatores contribuíram para a maior presença feminina no mercado de trabalho: o cenário de escassez de mão de obra e mais oferta de vagas em ocupações demandantes de mão de obra de mulheres.
Entre os postos com mais avanços, estão: vendedoras e prestadoras de serviços do comércio (+270%), atendimento público (+255%) e cargos técnicos de nível médio (+107,4%).
Janaína Feijó lembra que 2022 foi um ano de intensa recuperação do mercado do trabalho, após a crise da Covid-19. Em 2023, era esperado um desempenho mais fraco, com o agronegócio se saindo bem, mas trata-se de um setor com menor presença das mulheres. Já 2024 tem surpreendido.
“Olhando para o médio e longo prazo, a gente sabe que o mercado está aquecido e já começa a se vislumbrar uma pressão inflacionária. A tendência para os próximos semestres é de desaceleração, não é que veremos demissões, mas o movimento pode perder força”, diz a pesquisadora.
Faixa etária
O mesmo estudo também analisou os dados do Caged por faixa etária. Todas elas apresentaram crescimento em seus saldos em 2024 quando comparado a 2023, segundo a pesquisa.
Contudo, ocorreu uma expansão mais forte entre os grupos etários mais avançados, como se vê abaixo:
- 40 anos ou mais: registrou o maior aumento percentual no saldo, com uma alta de 116,71%, passando de 65.869 em 2023 para 142.747 em 2024.
- 30 a 39 anos: também se destacou, com um crescimento de 60,19%, passando de 124.336 para 199.179.
- Mais jovens: o saldo aumentou 13,50% para aqueles com 17 anos ou menos e 12,03% na faixa de 18 a 24 anos. Já a faixa de 25 a 29 anos teve um aumento de 38,60% no saldo, passando de 130.120 em 2023 para 180.341 em 2024.
O aumento do saldo de empregos entre os 40 ou mais, 30-39 e 25-29 resultou em ganhos de participação. A participação do saldo de vínculos de 40 anos ou mais passou de 4,7% para 8,3%.
Para os 30-39 anos, a participação aumentou de 8,9% para 11,5% e para os de 25-29 passou de 9,3% para 10,4%.
Vale ressaltar que, embora as pessoas pertencentes a um desses três grupos etários tenham se beneficiado relativamente mais, a faixa etária de 18-24 anos ainda permanece sendo a de maior peso.
Taxa de desemprego entre mulheres é 45,3% maior que entre homens, segundo PNAD Contínua
A taxa de desemprego entre as mulheres ficou em 7,7% no terceiro trimestre deste ano, acima da média (6,4%) e do índice observado entre os homens (5,3%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que leva em consideração também o trabalho informal, divulgada nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o IBGE, o índice de desemprego das mulheres foi 45,3% maior que o dos homens no terceiro trimestre do ano. O instituto destaca que a diferença já foi bem maior, chegando a 69,4% no primeiro trimestre de 2012. No início da pandemia (segundo trimestre de 2020), a diferença atingiu o menor patamar (27%).
No segundo trimestre deste ano, as taxas eram de 8,6% para as mulheres, 5,6% para os homens e 6,9% para a média. O rendimento dos homens (R$ 3.459) foi 28,3% superior ao das mulheres (R$ 2.697) no terceiro trimestre deste ano.
A taxa de desemprego entre pretos e pardos superou a dos brancos, de acordo com a pesquisa. A taxa para a população preta ficou em 7,6% e para a parda, 7,3%. Entre os brancos, o desemprego ficou em apenas 5%.
Na comparação com o trimestre anterior, houve queda nas três cores/raças, já que naquele período, as taxas eram de 8,5% para os pretos, 7,8% para os pardos e 5,5% para os brancos.
A taxa de desocupação para as pessoas com ensino médio incompleto (10,8%) foi maior do que as dos demais níveis de instrução analisados. Para as pessoas com nível superior incompleto, a taxa foi de 7,2%, mais do que o dobro da verificada para o nível superior completo (3,2%).
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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