O Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) anunciou, nesta quarta-feira (31), a manutenção da taxa de juros no país na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, a maior em mais de duas décadas. A decisão confirma a expectativa do mercado financeiro global.
Após o anúncio, o presidente da autoridade monetária norte-americana, Jerome Powell, ressaltou, na tradicional coletiva depois da decisão, que os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) não tomaram nenhuma decisão quanto a reunião de política monetária marcada para setembro, para a qual o mercado espera de forma praticamente unânime um corte de juros. Contudo, ele disse que, se a inflação dos Estados Unidos continuar desaquecendo, uma redução “pode estar na mesa”.
“Se a inflação se reduzir de acordo com as expectativas, o crescimento continuar razoavelmente forte, o mercado de trabalho permanecer como está, o corte da taxa em setembro estaria na mesa”, disse o presidente do Fed.
Os últimos indicadores do país mostraram desaquecimento da economia e o próprio Powell chegou a dizer que manter as taxas no atual patamar por mais tempo é ruim para a economia norte-americana. Na sexta-feira (2), será divulgado o payroll (relatório de folha de pagamentos), um importante termômetro do mercado de trabalho do país.
Em comunicado, Federal Reserve abre possibilidade de reduzir a taxa na próxima reunião
A fala de Powell converge com o comunicado divulgado com a decisão. Porém, o documento é um pouco menos reticente sobre a possibilidade de reduzir a taxa na próxima reunião, que está marcada para 17 e 18 de setembro, à medida que a inflação continua alinhando-se com a meta de 2%.
“Houve algum progresso adicional em direção ao objetivo de 2% do comitê”, afirmou o Comitê Federal de Mercado Aberto do banco central em um comunicado no final de uma reunião de política de dois dias.
Por sua vez, Powell foi mais cauteloso, atuando como uma espécie de bombeiro. Ele disse que o Fed “está atento” a ambos os lados de seu mandato – de inflação em 2% e pleno emprego.
Segundo ele, os dados de inflação do segundo trimestre deram mais confiança de que a autoridade monetária vai atingir a sua meta inflacionária com o tempo, ainda que essa confiança ainda não esteja forte o suficiente para começar a cortar os juros.
“É só uma questão de ver dados melhores [para iniciar os cortes de juros]”, disse o Chairman. Ele ainda destacou que os dados do indicador PCE, o termômetro de inflação preferido do Fed para balizar a política monetária, mostram melhora da inflação em todas as categorias, e as expectativas inflacionárias de longo prazo seguem bem ancoradas. O índice de preços PCE subiu 2,5% em junho, após ultrapassar 7% em 2022.
No comunicado, o Fed usou linguagem parecida à fala de Powell sobre “ambos os lados do mandato”. O Fomc removeu a linguagem padrão de que estava “altamente atento aos riscos de inflação” e a substituiu por um reconhecimento de que os formuladores de políticas agora estavam “atentos aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato”, que inclui uma incumbência do Congresso para manter o esforço para que os preços permaneçam estáveis.
O Fed informou que seria apropriado reduzir os custos de empréstimos antes que a inflação realmente retornasse à sua meta, para levar em conta o tempo que a política monetária leva para afetar a economia.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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