A JBS, uma das maiores empresas de frigoríficos do Brasil, suspendeu o fornecimento de carne ao Carrefour na última quinta-feira (21). A decisão foi uma consequência ao boicote declarado no dia anterior pelo CEO da rede varejista francesa, Alexandre Bompard, às carnes provenientes de países que compõem o Mercosul.
A Friboi, pertencente à JBS, é responsável por aproximadamente 80% das carnes comercializadas pelo Carrefour.
Na quarta-feira (20), a Masterboi também interrompeu o envio de 250 toneladas de carne para a rede.
O Grupo Carrefour Brasil afirma que, até o momento, não há registro de desabastecimento de carne nas suas unidades, mas especialistas em varejo preveem que, em breve, as lojas serão impactadas pela falta do produto.
As notícias sobre o boicote ao Carrefour ganharam forças nos últimos dias e as ações caíram 4,37%, a R$ 6,35, às 10h19 (horário de Brasília) desta segunda-feira (25). Os papéis chegaram a amenizar as perdas, mas ainda seguindo com queda de cerca de 2%.
Ministro da Agricultura defende boicote ao Carrefour
Entidades brasileiras vêm se posicionando contra as declarações de Bompard. Autoridades, como o ministro da Agricultura Carlos Fávaro, e o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, defenderam publicamente um boicote ao Carrefour.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Fávaro disse que a decisão tem o apoio integral do ministério e da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), que reúne 43 empresas do setor no país, responsáveis por 98% da carne negociada para mercados internacionais.
“Isso é um absurdo. Se ele não quer comprar os produtos brasileiros, é simples, não compra. Se não quer comprar, diz que não quer. Agora, dizer que não tem qualidade sanitária? Faz 40 anos que a França compra carne do Brasil. E faz isso agora? Isso nós não vamos admitir, porque o que nós temos de mais precioso é a qualidade sanitária da nossa carne. É isso que nos abriu tantos mercados no mundo”, disse Fávaro à Folha.
Entenda a retaliação dos frigoríficos ao Carrefour
A suspensão do fornecimento completo pelos frigoríficos é uma realidade ao boicote anunciado na quarta-feira (20) pelo CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, às carnes originárias de países do Mercosul.
Embora o Carrefour Brasil tenha tentado se dissociar dessas declarações, a operação brasileira é controlada pela matriz francesa, que detém mais de 60% da empresa.
A decisão do CEO do grupo francês reflete um gesto de apoio ao setor agropecuário da França, que tem manifestado oposição ao acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.
Os agricultores franceses argumentam que os produtores do Mercosul não cumprem as mesmas normas, especialmente no que diz respeito às questões ambientais, o que resultaria em vantagens competitivas injustas.
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