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Gabriel Galípolo: mercado de trabalho aquecido e atividade econômica mais forte tornam ‘processo de desinflação mais lento’

Durante participação em evento em São Paulo, o diretor de política monetária do Banco Central disse que "a ata [do Copom] registra um fato difícil de contestar: há um mercado de trabalho relativamente apertado e inflação de serviços um pouco mais alta".
05/04/2024 | 14h57

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse ontem (4), durante participação em um evento em São Paulo, que o mercado de trabalho aquecido e a atividade econômica mais forte podem tornam “mais lento” o processo de desinflação.

No entanto, ele frisou que a autoridade monetária “reconhece que o mercado de trabalho mais aquecido e a atividade econômica maior ainda não estabelecem um vínculo claro a um processo de aquecimento da economia e que represente uma reversão da trajetória de desinflação”. Por outro lado, disse que “o mercado de trabalho mais apertado e a atividade mais forte podem significar um processo de desinflação mais lento”.

O alerta de Galípolo está na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada no final de março, quando a taxa básica de juros, a Selic, foi reduzida de 11,25% para 10,75% ao ano.

“A ata registra um fato difícil de contestar: há um mercado de trabalho relativamente apertado e inflação de serviços um pouco mais alta”, disse.

Galípolo ainda classificou o texto da ata de “humilde”, por deixar evidente que o Copom não tem todo o cenário claro e por ter deixado em aberto diferentes possibilidades para o futuro próximo, exceto a inflação. “O vocabulário de nenhuma maneira quer flexibilizar a meta. A meta é 3 [porcento]”, frisou o diretor do BC.

Cotado para assumir presidência do BC, Gabriel Galípolo desconversa

Galípolo ainda comentou a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante evento de que participou este semana, em São Paulo. Na ocasião, ele defendeu o início da transição na Presidência da autarquia antes do término de seu mandato, em 31 de dezembro deste ano.

“Seria bom fazer a sabatina este ano. Se um diretor for presidente interino, ele tem que passar por sabatina também”, disse Campos Neto. A lei da autonomia do BC, porém, não esclarece os passos do procedimento sucessório.

Na avaliação de Galípolo, a ênfase dada ao pedido para adiantar o processo de sucessão no BC foi excessiva. “Quando o Roberto falou isso, estava alertando para uma questão técnica e operacional. Esta demanda que a sabatina ocorra neste ano. Não vejo isso como adiantar, vejo como timing adequado para a nomeação do futuro presidente”, afirmou o diretor do BC, que é um dos nomes ventilados para sucessão de Campos Neto.

Indicado por Fernando Haddad (Fazenda) para o BC, Galípolo foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

Sobre o tema sucessão, ele desconversou: “Não me cabe ocupar a mente com isso. Já tenho [a meta da] inflação para me preocupar. Este é um tema para o presidente da República. Não posso corroborar que está ocorrendo [a escolha do novo presidente]. Roberto estava alertando sobre o processo burocrático. Passei seis meses na Fazenda dizendo que só tinha um cara com 60 milhões de votos. No Banco Central, digo que continua existindo apenas um cara com 60 milhões de votos”, afirmou, ao se referir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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