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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou nesta terça (18) que o Brasil aceitou o convite da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) e ingressará no grupo de aliados do bloco, conhecido como Opep+. A decisão foi tomada durante reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
O convite para o Brasil aderir à Opep+ veio após visita oficial do presidente Lula (PT) a Riade, Arábia Saudita, em 2023. O grupo já vinha sondando o governo brasileiro há alguns anos sobre a adesão do Brasil ao cartel que controla 40% da produção mundial de petróleo.
Em setembro daquele ano, Lula afirmou que a adesão do Brasil ao grupo dependeria “da circunstância política”. Na visita à Arábia Saudita, maior exportador global de petróleo, Lula conversou com o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, sobre o potencial das exportações brasileiras.
Criada em 1960, a Opep reúne 13 grandes países produtores de petróleo no mundo, como Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. O sinal + na sigla simboliza os países aliados, que não integram a organização propriamente, mas atuam de forma conjunta em algumas políticas internacionais ligadas ao comércio de petróleo e na mediação entre membros e não membros. É nesse grupo que o Brasil deve entrar.
“O Brasil foi convidado para que nós fizéssemos parte da carta de cooperação. O que fizemos hoje foi exatamente discutir a entrada do Brasil em três organismos internacionais. Autorizamos iniciar o processo de adesão à EIA, isso está aprovado. A continuação do que foi suspenso no governo anterior, que é a adesão à Irena. Ficou decidido: início da adesão à EIA, Irena e Opep+”, afirmou Silveira.
O ministro enfatizou, ainda, que a adesão ao grupo não significa subordinação às regras deste, mas sim uma oportunidade de participação em debates estratégicos. “É apenas uma carta e fórum de discussão de estratégias dos países produtores de petróleo. Não devemos nos envergonhar de sermos produtores de petróleo”, declarou.
Entenda o que significa entrada do Brasil em fórum da Opep+
Ambientalistas veem a adesão à Opep+ como uma contradição em relação aos compromissos climáticos assumidos pelo Brasil. O país sediará, em 2025, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém (PA), e tem se posicionado como um dos líderes globais na transição energética e no combate às mudanças climáticas.
Questionado sobre críticas de entidades ambientalistas que dizem ver contradição, Silveira respondeu:
“Os ambientalistas […] têm todo o meu respeito, eu também sou ambientalista, também defendo a preservação do meio ambiente. Trabalho vigorosamente para avançar na transição energética, talvez eu me considere até mais ambientalista que eles”.
Silveira disse que o país não precisa “se envergonhar” de ser produtor de petróleo.
No fórum, o Ministério de Minas e Energia espera discutir o financiamento da transição energética com recursos do petróleo e abrir mercado para os biocombustíveis brasileiros.
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