Depois de o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado a entrada em vigor, a partir desta quarta-feira (12), da sobretaxação de 25% sobre o aço e 10% ao alumínio exportado aos norte-americanos, o governo do presidente Lula (PT) ainda não anunciou nenhum revide à medida. A orientação é manter a cautela que vem sendo adotada pelo governo do petista desde que Trump havia anunciado que subiria as tarifas.
A confirmação foi feita pelo governo estadunidense na terça-feira (11). Trump já havia assinado a medida em fevereiro. A nova norma vale para todos os parceiros do país norte-americano. Segundo a Casa Branca, não haverá exceções.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta que a determinação do presidente Lula é de negociar, e não retaliar, em um primeiro momento, a taxação de 25% sobre o aço e o alumínio imposta pelos Estados Unidos e que afetam as exportações da indústria nacional.
“O presidente Lula falou ‘muita calma nessa hora’. Já negociamos outras vezes em condições até muito mais desfavoráveis do que essa”, disse o ministro a jornalistas após reunião com representantes do setor da indústria do aço brasileira, que apresentou um relatório com argumentos para a negociação.
De acordo com Haddad, os empresários “trouxeram argumentos muito consistentes de que [a taxação] não é bom negócio sequer para os norte-americanos”.
O ministro não entrou em mais detalhes sobre as propostas de negociação apresentadas pelo setor do aço, afirmando apenas que o relatório servirá de subsídio para as negociações lideradas pelo Ministério do Desenvolvimento.
“Vamos levar para a consideração do governo americano que há um equivoco de diagnóstico”, disse Haddad, para quem os argumentos apresentados pelas siderúrgicas são “muitos consistentes”.
“Os Estados Unidos só têm a perder, porque nosso comércio [bilaterial] é muito equilibrado”, afirmou Haddad.
O ministro acrescentou que o setor do aço pediu providências não só em relação às exportações, mas também a respeito das importações, preocupado em especial com a entrada de aço chinês no país.
“No caso das exportações envolve uma negociação, enquanto que no caso da importações envolve uma defesa mais unilateral. Isso pela proposta que eles fizeram”, relatou Haddad.
Segundo o ministro, a Fazenda deverá agora preparar uma nota técnica sobre as propostas das siderúrgicas brasileiras, que deverá ser enviada ao vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, para orientar as negociações com os EUA.
O Brasil é o segundo maior exportador de aço aos Estados Unidos, atrás apenas do Canadá. No caso específico do aço, o Brasil será afetado em US$ 3 bilhões, conforme dados do Departamento do Comércio dos EUA.
Na quinta-feira passada (6), o vice-presidente e ministro do MDIC (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Geraldo Alckmin, participou de videoconferência com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e o representante comercial dos EUA (USTR), Jamieson Greer. Ambos os lados concordaram em manter reuniões bilaterais.
Durante a conversa, Alckmin destacou os resultados da balança comercial, apresentando detalhes da política tarifária recíproca e houve convergência quanto aos aspectos positivos da relação entre o Brasil e os Estados Unidos.
Alckmin também lembrou que Brasil e Estados Unidos têm uma balança comercial de cerca de US$ 80 bilhões, com um superávit de US$ 200 milhões para os norte-americanos.
Tarifaço de Trump: fluxo de comércio afetado chega a US$ 150 bi
Depois de entrevista à Fox News no domingo (9), que agitou os mercados globais na segunda-feira (10), Trump voltou atrás ao falar em “possível recessão” na economia norte-americana. Na terça, suavizou o discurso.
Sob o argumento de que a taxação protege a economia estadunidense, a ordem do presidente inclui uma vasta gama de produtos que usam o aço e alumínio estrangeiro, afetando um fluxo de comércio que poderia chegar a US$ 150 bilhões.
No total, quase 300 produtos, incluindo peças de carros, bens eletrônicos e até móveis, estariam nesta lista total de Trump.
Além do Brasil, o tarifaço atinge Canadá, México, Japão e Coreia do Sul. Vários deles já indicaram que estão dispostos a implementar retaliações.
De acordo com informações do Departamento do Comércio, publicadas na coluna do jornalista Jamil Chade no UOL, os países mais afetados no setor especificamente do aço seriam:
- Canadá: US$ 7,1 bilhões
- México: US$ 3,5 bilhões
- Brasil: US$ 3 bilhões
- Coreia do Sul: US$ 2,9 bilhões
Dentro das empresas norte-americanas, há o temor de que as novas taxas elevem seus custos, incluindo setores como automotivo, construção e mesmo de bebidas – que usam metais para suas latas.
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