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Haddad se preocupa com dólar alto e culpa Bolsonaro por ‘fake news’ do Pix

"Não tinha visto tanta agressão do bolsonarismo ao Estado brasileiro", disse
17/01/2025 | 18h55

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (17) estar preocupado com a trajetória da dívida pública no Brasil e com o dólar na casa dos R$ 6. “O câmbio não é fixo no Brasil. Se eu dissesse que hoje compraria o dólar a R$ 6? Eu não compraria acima de R$ 5,70. Na minha opinião, acima de R$ 5,70 é caro”, disse o ministro, em entrevista à CNN nesta tarde.

“Não vou fazer recomendações de compra e venda hoje, porque não sou consultor. Acompanho no dia a dia as moedas do mundo”, completou.

A divisa norte-americana começou a subir no fim do ano passado, em meio à pressão do mercado financeiro sobre o governo, para que elaborasse medidas de contenção de despesas. O governo elaborou o pacote fiscal, que prevê redução de despesas nos próximos dois anos da ordem de R$ 70 bilhões. O conjunto de medidas foi aprovado pelo Congresso e agora aguarda sanção do presidente Lula (PT).

O ministro disse que não há como fazer previsões para o câmbio, afirmando que a cotação do dólar depende de uma série de variáveis, parte do cenário doméstico, parte do externo.

“Eu não imaginaria que [o dólar] fosse chegar a R$ 4,70 em 2023. Quando assumi o Ministério da Fazenda, alguns meses depois, chegou a R$ 4,70 e eu não arriscaria a dizer que ele chegaria a tão baixo naquela ocasião”, afirmou.

Questionado sobre a questão do déficit fiscal, motivo de pressão da Faria Lima, Haddad lembrou que as projeções para o crescimento do país e as contas públicas feitas pelo mercado nem sempre se concretizam.

“Eu também estou preocupado. Nós temos que ter preocupação com a trajetória da dívida. Isso é uma preocupação do Ministério da Fazenda. Agora, eu tenho que fazer também algumas considerações sobre as projeções que são feitas e nem sempre se verificam”, observou. “A Fazenda vai trabalhar o fiscal de forma estrutural para conter a trajetória da dívida”, assegurou.

Ele recordou os erros das projeções do mercado. “O crescimento projetado no começo do presidente Lula era 0,8% no primeiro ano e 1,2% no segundo. Crescemos 3,2% no primeiro e provavelmente 3,5% no segundo. O déficit do ano passado foi de 0,1% e estava previsto em 0,8%”, pontuou.

Por fim, disse: “Vamos arrumar a bagunça que foi deixada pelo governo anterior e melhorar o ambiente de negócios”.

Haddad põe em Bolsonaro a culpa do imbróglio do Pix

Na entrevista, o ministro da Fazenda expressou sua indignação por conta das fake news sobre a infundada taxação do Pix, afirmando que foi uma “agressão sem precedentes da oposição ao Estado brasileiro”.

“Não tinha visto tanta agressão do bolsonarismo ao Estado brasileiro, ao órgão de Estado do Brasil. Isso me indigna porque construir um Estado não é fácil. Construir um Estado digno da população não é simples. E quando você retrocede nisso, é muito grave”, indignou-se.

Ao abordar o atual cenário político, ele enfatizou que sua prioridade não é a disputa eleitoral, mas a grande política: “Eu quero viver numa sociedade decente. Eu quero que o Estado atenda a população que mais precisa. Eu quero um Estado eficiente.

E associou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) diretamente à máquina de fake news que forçou o governo a recuar na instrução normativa da Receita Federal que atualizava as regras de monitoramento das movimentações financeiras por Pix e cartões.

“Bolsonaro está um pouco por trás disso, porque o PL financiou o vídeo do [deputado] Nikolas [Ferreira], o Duda Lima [marqueteiro do PL] fez a produção daquele vídeo. E eu penso que o Bolsonaro tem uma bronca na Receita pelas questões conhecidas: descobriram as rachadinhas, as joias e mais de cem imóveis comprados sem fonte de renda. Os Bolsonaro têm uma bronca da Receita pela compra de imóveis. Eles não escolheram a Receita por outra razão”, conjecturou.

Imposto de Renda

Haddad afirmou ainda que o Imposto de Renda do país precisa ser mais progressivo.

“As pessoas de alta renda têm que pagar o mínimo. Hoje, você que ganha salário, o servidor, o trabalhador, não escolhe pagar ou não pagar imposto. É deduzido na fontes. Isso não acontece com o grande investidor. Estamos identificando esses casos. É uma quantidade pequena de brasileiros. Buscando a justiça tributária de quem hoje não paga”, afirmou.

 

 

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