O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica, divulgado nesta segunda-feira (19) pelo Banco Central, apontou crescimento de 1,3% da economia brasileira no primeiro trimestre de 2025, na comparação com os últimos três meses de 2024. O dado, ajustado sazonalmente, reforça um início de ano com desempenho sólido, embora cercado por expectativas de desaceleração nos meses seguintes.
Em março de 2025, o IBC-Br apontou avanço de 0,8%, um avanço em relação a fevereiro, quando o indicador mostrou expansão de 0,4%.
Considerado uma espécie de “termômetro” do PIB (Produto Interno Bruto), o IBC-Br é utilizado pelo Banco Central como balizador da condução da política monetária.
Embora o índice sugira um ritmo ainda aquecido, analistas e autoridades monetárias vêm sinalizando que esse fôlego tende a perder força ao longo do ano.
As projeções refletem isso: o mercado financeiro estima crescimento de 2,02% para o PIB em 2025 — bem abaixo dos 3,4% registrados em 2024. O próprio Banco Central trabalha com uma projeção ainda mais conservadora, de 1,9%.
O presidente em exercício do BC, Gabriel Galípolo, declarou no fim de maio que há indícios iniciais de desaceleração, mas que o cenário ainda demanda cautela. Segundo ele, manter vigilância sobre a dinâmica dos preços continua sendo prioridade.
IBC-Br: Crescimento mais lento como parte da estratégia anti-inflacionária
A leitura do Banco Central é clara: uma moderação do ritmo de expansão econômica é considerada “necessária” para que a inflação convirja para a meta oficial, atualmente em 3%.
Na ata mais recente do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada na semana passada, a instituição afirmou que o hiato do produto — a diferença entre o PIB efetivo e o potencial — permanece positivo, o que indica que a economia ainda opera acima de sua capacidade sem gerar pressões inflacionárias imediatas.
Mesmo assim, a autoridade monetária reconhece que os juros elevados já contribuem para a desaceleração da atividade. A tendência, segundo o BC, é que esse impacto se aprofunde, inclusive sobre o mercado de trabalho.
Embora o IBC-Br sirva como antecipador das tendências do PIB, seus resultados nem sempre se alinham perfeitamente com os dados oficiais divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A principal diferença está na metodologia: o índice do BC capta a oferta — com estimativas para agropecuária, indústria, serviços e impostos — mas não incorpora a demanda interna, um componente-chave na apuração do PIB.
O resultado oficial do primeiro trimestre será conhecido em 30 de maio, quando o IBGE divulgará os dados consolidados. Até lá, o número divulgado pelo Banco Central serve como referência para o mercado, mas também alimenta o debate sobre os próximos passos da política monetária.
Com a economia ainda em crescimento, mas sob vigilância constante, o desafio do BC segue sendo calibrar os juros para conter a inflação sem comprometer a retomada do emprego e da renda.