Medida anunciada ainda durante a campanha eleitoral, o governo do presidente Lula (PT) prepara estoques de arroz e milho para ajudar a conter a inflação dos alimentos, que pesa principalmente no bolso dos mais pobres. Outra medida em estudo é direcionar mais crédito para agricultores que trabalhem com produtos da cesta básica. Segundo informações da coluna de Paulo Cappelli, no site Metrópoles, o Executivo também estuda fazer o mesmo com o trigo.
Ainda que os preços da comida tenham sido muito mais altos na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), conter a alta desses produtos, que vem impactando a inflação dos alimentos e, consequentemente, a popularidade do presidente Lula, virou o grande foco da gestão do petista neste ano. Em janeiro, Lula realizou várias reuniões ministeriais para tratar do tema.
De acordo com a coluna do Metrópoles, a medida é desenhada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. A pasta também trabalha o redirecionamento de aproximadamente R$ 5 bilhões para financiar produtores de itens que fazem parte da cesta básica e avalia a possibilidade de diminuir a tarifa de importação.
À coluna, a secretária-executiva do MDA, Fernanda Machiaveli de Oliveira, disse que medidas como controle de preços, mudança na validade dos produtos ou outras maneiras de intervenção direta do Estado estão descartadas. Segundo ela disse, o mercado internacional jogou o preço dos alimentos para cima globalmente e, em breve, deve arrefecer.
“Teremos uma safra recorde nesse ano. Com a ampliação do volume do Plano Safra, redução de juros para financiamento da produção de alimentos da cesta básica e retomada da política de estoques já tivemos a menor inflação de alimentos em 2023. O resultado de 2024 refletiu aumento do preço internacional de commodities e as perdas de safra por eventos climáticos extremos. Agora, com queda do dólar e aumento da produção, o preço dos alimentos ficará estável. Teremos uma inflação de alimentos muito abaixo da média dos anos anteriores ao governo Lula”, disse.
A fala converge com o que vem dizendo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em várias ocasiões, ele afirmou que os preços dos alimentos foram impactados por questões climáticas e pela alta do dólar, que encareceu commodities e insumos usados na agricultura. Agora, com a divisa norte-americana caindo e a projeção de safra recorde, os preços devem cair.
Desde a posse do presidente dos EUA, Donald Trump, a cotação do dólar vem caindo. Na semana passada, a moeda norte-americana acumulou baixa de 0,74%. Na sexta-feira (7), o dólar à vista encerrou as negociações cotado a R$ 5,7936, alta de 0,52%.
Inflação dos alimentos: compra de arroz deve ser concretizada até julho
Os estoques reguladores de alimentos foram usados nos governos petistas e, depois, abandonados. Lula prometeu retomar a medida, por meio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
A secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário disse que a compra de arroz para estoque deve ser concretizada até julho deste ano. O governo Lula preparou um contrato de opção de R$ 1 bilhão após as enchentes do Rio Grande do Sul, estado que é o maior produtor do cereal no país. Dessa forma, a pasta acredita que o preço do produto deve diminuir consideravelmente no segundo semestre deste ano.
“Os estoques não são uma resposta imediata. Há uma decisão do presidente de direcionar mais recursos para o processo de formação de estoques, então vamos retirar recursos de outras políticas, como subvenção, e direcionar à compra de alimentos. Isso será feito à medida da queda dos preços, o que esperamos que ocorra na supersafra”, afirmou Fernanda de Oliveira.
Pelo contrato de opção, o governo anuncia, por exemplo, a compra do produto por R$ 100 o quilo. Dessa forma, os agricultores que aderirem à iniciativa garantem um valor mínimo. Caso o mercado ofereça um valor maior no momento da colheita, esse produtor não é obrigado a vender para o Estado brasileiro.
Além do arroz, o MDA também pretende fazer contratos de opção para estoque de milho e, possivelmente, para o trigo. No primeiro caso, o governo aguarda um momento de baixa no valor do produto.
No caso do trigo, a área técnica estuda a viabilidade, pois a matéria-prima amplamente utilizada na panificação é altamente vulnerável a mudanças climáticas e demanda muita irrigação. Hoje, o Brasil é um país importador desse produto.
O café ficou de fora porque, na avaliação do ministério, a alta do produto se dá por fatores internacionais e não tende a diminuir nesta safra.
Mais crédito
Outra medida desenhada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário é o redirecionamento de crédito para agricultores que trabalhem com produtos da cesta básica.
O governo quer aportar no Banco do Brasil recursos federais que hoje estão em outras instituições financeiras. A avaliação é que o BB terá mais facilidade para oferecer os empréstimos de maneira acessível.
Outra medida em estudo é o fim das bandeiras do vale-alimentação. “Hoje temos um vale que só pode ser usado em determinados lugares. Essas bandeiras ficam com uma parte, de 6% a 12% do valor, e o mercado repassa esse valor ‘perdido’ para os produtos”, explicou.
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