ICL Notícias

O investidor estrangeiro retirou cerca de R$ 24,2 bilhões da B3, a Bolsa de Valores brasileira, em 2024. O valor representa a maior saída líquida do país desde 2016, conforme dados compilados por Einar Rivero, CEO e sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria.

Do período analisado, apenas outros dois tiveram saídas de recursos: em 2018, com R$ 4,83 bilhões, e 2019, com saída de R$ 6,5 bilhões.

Em 2022, ao contrário, houve o melhor registro positivo de recursos, quando os estrangeiros injetaram R$ 119,79 bilhões na Bolsa brasileira. Somente no triênio de 2021 a 2023, a B3 recebeu R$ 217,2 bi desses investidores.

Em 2024, apenas quatro meses tiveram saldo positivo. Foram julho, agosto, outubro e dezembro. Entre esses meses, o principal destaque positivo foi agosto, com entrada de R$ 10,01 bilhões, enquanto abril registrou a maior saída, com R$ 11,1 bilhões.

Um detalhe é que o número de saída recorde acontece mesmo num ano em que o Ibovespa atingiu sua máxima histórica, em agosto, superando os 137 mil pontos. Mas, no acumulado do ano, o principal índice acionário da B3 amargou uma desvalorização de 10,36%, prejudicado principalmente pela taxa básica americana mais alta por mais tempo e pela pressão do mercado financeiro envolvendo as contas públicas do governo.

“A redução progressiva no número de meses positivos ao longo dos últimos anos reflete uma maior cautela dos investidores estrangeiros em relação ao mercado brasileiro”, afirmou Rivero no relatório.

“Momentos de maior entrada de capital costumam ser associados à recuperação econômica, à estabilidade política e à confiança no ambiente regulatório. Por outro lado, as saídas recordes, como as de 2024, podem refletir um cenário de incertezas que afetam a percepção de investidores externos”, completou.

Os valores consideram as aberturas de capital e os chamados follow-ons, quando uma empresa já listada emite mais ações, com objetivo de captar mais recursos para financiamento próprio.

Investidor estrangeiro: BC registra saída recorde de dólares

Na última quinta, o Banco Central divulgou que o fluxo de saída de recursos do país alcançou US$ 24,314 bilhões até o dia 27 de dezembro, o maior para um único mês da série histórica, iniciada em setembro de 2008, quando o mundo vivia uma crise financeira.

No acumulado de 2024, o fluxo financeiro também deve representar o pior ano da história. Até o dia 27, a saída bruta é de R$ 84,396 bilhões. Até então, o recorde negativo era de 2019, de US$ 65,792 bilhões.

Lembrando que, no último mês de cada ano, é normal um maior volume de remessas para o exterior de empresas multinacionais para os países onde estão as sedes devido ao fechamento do balanço anual.

O Banco Central já vinha dando indicações de que o fluxo em dezembro de 2024 estava muito mais negativo do que em anos anteriores. No último mês de cada ano, é normal um maior volume de remessas para o exterior de empresas multinacionais para os países onde estão as sedes devido ao fechamento do balanço anual.

Neste ano, além de um fluxo de remessas mais forte graças ao crescimento surpreendente da economia brasileira, fatores como o aumento do risco fiscal no país e o medo de aumento da tributação em classes de renda mais elevada também contribuíram para o movimento.

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail