Os investimentos estrangeiros diretos aumentaram 13,8% em 2024, em um total de US$ 71,1 bilhões, conforme dados do Banco Central divulgados nesta manhã de sexta-feira (24). Em 2023, esses investimentos haviam somado US$ 62,4 bilhões.
Mesmo crescendo menos, os investimentos estrangeiros foram suficientes para “financiar” o rombo das contas externas de US$ 55,9 bilhões registrado em 2024.
Esse é o maior ingresso de investimentos no país para esse período desde 2022 (US$ 74,6 bilhões).
Somente em dezembro, ainda de acordo com o BC, os estrangeiros aportaram US$ 2,76 bilhões em investimentos diretos no país, contra uma saída de US$ 2,9 bilhões em 2023.
O setor de turismo também registrou recorde com a vinda de estrangeiros no Brasil. Foram gastos por aqui um total de US$ 7,34 bilhões no ano passado. O valor representa uma alta de 6,3% em relação ao ano anterior, quando as despesas somaram US$ 6,9 bilhões.
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Gastos de turistas estrangeiros bateu recorde em 2024. Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil
A alta do dólar foi um dos fatores que beneficiaram o turismo no país, tornando produtos e serviços brasileiros mais acessíveis aos visitantes internacionais. A série histórica do Banco Central, iniciada em 1995, registra que nunca houve um valor tão alto.
Na outra ponta, apesar da valorização de 27% do dólar no ano passado em relação ao real, os brasileiros gastaram US$ 14,82 bilhões em viagens ao exterior.
Os números, porém, seguem abaixo do registrado antes da pandemia de Covid-19, quando os brasileiros gastavam cerca de US$ 18 bilhões por ano.
Este mês, o Ministério do Turismo informou que o ano de 2024 foi o melhor da história para o turismo internacional no Brasil. O país alcançou a marca recorde de 6.657.377 turistas estrangeiros no ano, aumento de 12,6% em comparação ao ano anterior. Os dados consolidados foram divulgados pelo ministério, Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) e Polícia Federal.
Somente em dezembro, 690.236 estrangeiros visitaram o Brasil, número 11,1% maior que o registrado no mesmo mês de 2023 e o terceiro melhor dezembro da série histórica.
Investimentos estrangeiros ajudam a cobrir déficit das contas externas, que batem recorde
O déficit das contas externas brasileiras mais do que dobrou no ano de 2024. Segundo o Banco Central, as transações correntes registraram um déficit de US$ 55,96 bilhões no último ano, em comparação com US$ 24,51 bilhões em 2023.
Este também é o maior resultado negativo para um ano fechado desde 2019, quando o déficit somou US$ 65 bilhões, segundo dados oficiais.
O déficit no balanço de pagamentos significa que o Brasil enviou mais dinheiro para fora, importando bens e serviços e transferindo lucros, por exemplo, do que recebeu dinheiro do exterior.
Mas isso não é necessariamente ruim. O BC costuma explicar que o tamanho do rombo das contas externas está relacionado com o crescimento da economia. Quando cresce, o país demanda mais produtos do exterior e realiza mais gastos com serviços também. Por isso, o déficit também sobe.
Somente mês de dezembro, segundo o Banco Central, as contas externas registraram um resultado negativo de US$ 9,03 bilhões, em comparação com um resultado negativo de US$ 5,6 bilhões no mesmo período do ano passado.
As transações correntes consideram três pilares:
- A balança comercial de produtos entre o Brasil e outros países, isto é, as exportações e importações;
- A balança de serviços das contas externas. Nesse aspecto, são consideradas as compras de brasileiros no exterior, incluindo gastos com importações de serviços financeiros, fretes e aluguel de equipamentos e até gastos de turismo;
- A renda primária é o terceiro dado e trata das remessas de dinheiro e pagamentos (lucros, juros e dividendos) que as empresas multinacionais, com filial no Brasil, enviam para o exterior. Nesse cálculo, também estão as remessas que empresas brasileiras recebem do exterior.
O aumento no saldo negativo das contas externas no ano passado está relacionado, sobretudo, à piora na balança comercial, cujo saldo positivo somou US$ 66,2 bilhões no ano passado (pelo cálculo do BC), ante US$ 92,27 bilhões em 2023. Com um superávit menor na balança, as contas externas pioraram.
A conta de serviços, que registra receitas e despesas com transportes, seguros, serviços financeiros e viagens internacionais, entre outros, também mostrou deterioração. Em 2024 fechado, foi registrado um déficit de US$ 49,7 bilhões nessa conta, contra um saldo negativo de US$ 39,8 bilhões em 2023.
Por sua vez, a conta de renda, por onde transitam as remessas de juros e de lucros e dividendos das empresas ao exterior, apresentou melhora. Em 2024, houve um déficit de US$ 75,4 bilhões. Apesar de alto, foi menor do que o registrado em 2023 (-US$ 79,5 bilhões).
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