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Lua de mel do mercado financeiro com Javier Milei acabou? Eduardo Moreira comenta

"Milei prova que não vale a pena apostar no modelo neoliberal", avaliou economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta).
23/07/2024 | 12h11

Uma manchete do jornal inglês Financial Times e reproduzida por jornais brasileiros questiona se a lua de mel entre o presidente da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, e o mercado financeiro do país acabou. Isso porque as medidas adotadas pelo governo argentino para controlar uma corrida que desvalorizava o peso argentino frente ao dólar provocarem uma reação negativa do mercado.

O governo fixa a taxa de câmbio oficial em cerca de 960 pesos para cada US$ 1, mas nos mercados de câmbio paralelos —tanto legais quanto ilegais— a cotação atingiu um recorde de quase 1.500 pesos para cada US$ 1 neste mês.

A diferença entre as taxas é vista como um indicador-chave da confiança dos investidores no governo e pode aumentar a inflação.

No último sábado (20), Milei anunciou um plano para estabilizar o peso: o banco central apertará as regras para imprimir dinheiro com o objetivo de reduzir a oferta monetária da Argentina e começará a usar suas reservas de moeda estrangeira para comprar pesos no mercado paralelo.

“Se eu desligar todas as torneiras para imprimir dinheiro, o problema acaba”, disse Milei à emissora LN+. “Não há pânico, zero pânico.”

Porém, os investidores não se mostraram satisfeitos com o plano. O mercado de ações da Argentina caiu até 12,3% na semana passada, e seus títulos soberanos denominados em dólares até 11,3% antes de recuperar algumas perdas, enquanto críticos tratam as novas medidas como sendo de curto prazo e inconsistentes.

A inflação da Argentina ficou em 4,6% em junho, apontou o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) divulgado na sexta-feira passada (12) pelo Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) do país. Com isso, o aumento dos preços chegou a 271,5% em 12 meses. O resultado interrompeu um ciclo de cinco meses consecutivos de desaceleração.

Eduardo Moreira diz que Javier Milei “prova que não vale a pena apostar no modelo neoliberal”

O economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, comentou na edição desta terça-feira (23) do ICL Notícias 1ª edição que o governo Milei mostra que “não vale a pena apostar no modelo neoliberal”.

“Se nós estivermos errados de que o Estado deveria ser mais presente – mais escolas, saúde de graça, estradas bem pavimentadas -, se daqui a 10 anos estivermos errados e a dívida [do país] aumentar, ficará ainda um legado grande, que um monte de gente que, nesses 10 anos, foi bem atendida em suas necessidades, como educação de qualidade, ser bem atendida na rede pública de saúde. O que sobra é legado positivo. O que Milei está fazendo é o seguinte: se ele estiver errado, [o legado será] um monte de gente passando fome, empresas que ele não vai conseguir comprar de volta [devido as privatizações]”, disse.

“O que o Milei está provando para as pessoas é que não vale a pena apostar nesse modelo neoliberal extremo, porque só sobram destroços e as pessoas estão vendo isso”, pontuou Moreira, reforçando que o descontentamento do mercado financeiro argentino se deve ao fato que o peso sofre enorme desvalorização enorme e contínua desde que ele assumiu a Presidência, em dezembro passado.

Assista ao comentário completo de Eduardo Moreira no vídeo abaixo:

 

Redação ICL Economia
Com informações das agências da Folha de S.Paulo e ICL Notícias 1ª edição

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