O presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca está preparando o anúncio do pacote de corte de gastos para a próxima semana, enquanto negocia os ajustes finais. A tendência é que só seja proposto ao Congresso após a Cúpula do G20, que acontece nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro. S
Em discussão vigorosa há três semanas, além de medidas como mudanças nos pisos de Saúde e Educação e no seguro-desemprego, o Executivo avalia alterações na regra de reajuste do salário mínimo, que atualmente tem aumento real que leva em conta a inflação e o crescimento da economia.
Segundo informações do jornal O Globo, auxiliares do governo disseram que o presidente tem preocupação de que o pacote não se restrinja a medidas que afetem a parcela mais pobre da população. Por isso, os militares foram chamados a contribuir, além de haver a possibilidade de inclusão de medidas de taxação de “super-ricos” no pacote. Este tema, aliás, estará na Cúpula do G20 (fórum internacional que reúne as 19 economias mais ricas, além de União Africana e União Europeia).
Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o conjunto de medidas terá um impacto “expressivo” e se disse pronto para apresentar as ações.
O governo prepara o anúncio das medidas com cuidado, a fim de evitar desgaste junto à base de eleitores que se mostra mais fiel ao governo em pesquisas. Por exemplo: em vez da palavra “corte”, será usada “ajuste”.
Prestes a sair do BC, Campos Neto segue inflamando o mercado ao criticar demora em anúncio de corte de gastos e diz que jornada 6×1 é “retrocesso”
O mandato do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, termina em 31 de dezembro de 2024. Mas ele segue dando palpites e inflamando o mercado financeiro contra o governo Lula – a propósito, como tem sido praxe ao longo de seu mandato à frente da autoridade monetária.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele disse que o governo deve cortar despesas na “carne” em 2025 e apresentar medidas que indiquem aos agentes econômicos que estruturalmente o arcabouço fiscal (regra que limita o crescimento das despesas) ficará mais sustentável no futuro.
Atuando como porta-voz do mercado, que tem pressionado o governo, criticou a demora no anúncio: “Quanto mais se espera, depois mais você acaba tendo que fazer. O choque que precisa ser produzido depois é maior”.
Veja o que mais Campos Neto falou na entrevista:
Fiscal: “Eventualmente, caminhamos para uma bifurcação. Para ter uma saída mais organizada, precisa fazer um choque fiscal positivo. Em vez de esperar chegar essa bifurcação, se a gente consegue se antecipar e criar uma surpresa positiva para o mercado em termos de choque fiscal, ajuda. (…) É uma percepção de que, de fato, o governo está fazendo um corte de gastos que seja relevante não só no curto prazo, mas também de forma estrutural para frente”.
Pacote: “O tempo é super-relevante. Quanto mais se espera, depois mais você acaba tendo que fazer. Vai gerando uma dinâmica de piora. O choque que precisa ser produzido depois é maior. Tem uma percepção que, quando se tem uma piora de preço e ele volta, voltou tudo ao normal. Isso não é verdade. A trajetória de preço com uma piora muito grande, acompanhada de uma melhora, deixa cicatrizes no meio do caminho”.
Taxa Selic: “Em nenhum lugar da ata do Copom está escrito que o BC pretende acelerar a alta de juros. Continuamos dizendo que a gente prefere ter um guidance [sinalização futura] aberto e que vamos analisar ao longo do tempo”.
Pressão sobre o governo Lula: “Eu acho que deveriam ler as atas do último governo, porque eu tinha essa mesma reclamação do ministro Paulo Guedes”.
‘Trump trade’: “Nem todo o mundo emergente vai ter o mesmo impacto. A China tem um impacto maior. O México tem um impacto grande, pelo tema da fronteira e do Nafta. O Brasil é bem menos impactado do que outras economias emergentes. O mundo vai demorar um pouco para digerir e entender quais são as políticas que estão vindo. Tem um grau de incerteza, a gente tem colocado isso na comunicação oficial, mas não vejo isso com muito pessimismo”.
Estouro da meta de inflação: “No pós-pandemia, não tem um BC no mundo que cumpriu meta. A nossa inflação foi uma das primeiras a começar a cair, agimos de forma antecipada(…). Precisamos agora passar uma mensagem que, passado o período da pandemia, a gente precisa, sim, fazer convergir [a inflação à meta]”.
Jornada 6×1: “[O projeto] volta atrás num avanço que foi feito.”
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo, O Globo e Veja
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