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Megaprojeto de Trump ameaça tirar comida da mesa de milhões de americanos

Megaprojeto,. que corta programas sociais e amplia gastos militares, prevê um impacto fiscal de US$ 3,3 trilhões na dívida americana até 2034
04/07/2025 | 09h16
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O megaprojeto de lei orçamentária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nomeado “One Big Beautiful Bill“, que foi aprovado de forma bem apertada pelo Congresso na quinta-feira (3), tem como um dos principais alvos o SNAP, programa federal de auxílio alimentação dos EUA, que garante o básico nas casas de famílias mais pobres. Trump classificou os cortes como “gastos desnecessários”.

O pacote da maldade de Trump prevê cortes drásticos em programas sociais, incluindo o próprio SNAP e o Medicaid (seguro de saúde para pessoas de baixa renda), além de reduzir impostos e aumentar os gastos militares. A nova lei também atinge em cheio a população imigrante do país, incluindo brasileiros.

Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), cerca de 3 milhões de norte-americanos podem perder o direito ao SNAP com as novas regras.

O SNAP é responsável por levar comida à mesa de mais de 42 milhões de norte-americanos. Funciona de forma semelhante ao Bolsa Família no Brasil, com repasses mensais que podem ser usados para compra de mantimentos básicos. Na Virgínia Ocidental, estado com altos índices de pobreza, cerca de 16% da população depende desse auxílio.

Megaprojeto de Trump muda critérios de elegibilidade de programa social

O texto aprovado muda os critérios de elegibilidade do SNAP, tornando mais difícil o acesso ao benefício. A proposta também reduz o valor repassado a alguns grupos, especialmente adultos sem filhos e pessoas com trabalhos temporários ou de baixa remuneração.

A justificativa do governo é que o corte de impostos e gastos “desnecessários” — segundo o próprio Trump — vai estimular a economia, gerar empregos e, eventualmente, reduzir os preços dos alimentos. Mas não há dados concretos que sustentem essa projeção.

Cortes sociais, mais armas e muro na fronteira

O projeto aprovado é extenso — com mais de mil páginas — e ambicioso. Aprovado por maioria apertada no Congresso, o texto mantém cortes de impostos introduzidos em 2017 por Trump e cria novas isenções, como sobre gorjetas e horas extras.

Também aumenta gastos com defesa (US$ 150 bilhões) e políticas anti-imigração (US$ 175 bilhões), incluindo a construção de novos centros de detenção e mais patrulhamento na fronteira com o México.

Para compensar a queda na arrecadação, o governo federal decidiu atacar áreas sensíveis: saúde, alimentação, educação e meio ambiente. Estima-se que apenas os cortes no SNAP e no Medicaid representem uma economia de cerca de US$ 930 bilhões — valor que preocupa especialistas e comunidades pobres.

Divisão dentro do próprio partido

Mesmo entre os republicanos, há divergências. O senador Jim Justice, representante da Virgínia Ocidental, alertou que o corte no SNAP pode custar caro ao partido nas eleições legislativas de 2026. “Se não tomarmos cuidado, as pessoas vão se revoltar. Isso vai dominar os noticiários e pode virar o jogo no Congresso”, declarou à imprensa.

Já outros, como o senador Josh Hawley, que inicialmente criticaram os cortes, voltaram atrás após pressão interna. A palavra final agora está nas mãos de Trump, que deve sancionar o pacote ainda nesta sexta-feira (4), como forma de celebrar simbolicamente o Dia da Independência.

Dívida pública vai crescer, e futuro é incerto

O “One Big Beautiful Bill” prevê um impacto fiscal de US$ 3,3 trilhões na dívida americana até 2034. Analistas alertam que o custo será repassado às próximas gerações, em forma de crescimento mais lento, aumento nos juros e redução de gastos públicos essenciais.

Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, o pacote também pode elevar o teto da dívida em até US$ 5 trilhões, evitando um colapso financeiro no curto prazo, mas agravando o desequilíbrio fiscal do país a longo prazo.

Veja os principais pontos do megapacote

Redução de impostos

  • Corte de impostos estimado em US$ 4 trilhões até 2034.
  • Mantém cortes aplicados por Trump em 2017.

Inclui:

  • Alíquotas menores de Imposto de Renda.
  • Isenção temporária para gorjetas, horas extras e juros de certos financiamentos.
  • Dedução de até US$ 6 mil para idosos que ganham até US$ 75 mil/ano.
  • Redução de tributos para empresas, com foco em pesquisa e investimento.

Corte em programas sociais

SNAP (auxílio alimentação):

  • Novos critérios de elegibilidade mais rígidos.
  • Estimativa: 3 milhões de pessoas podem perder o benefício.

Medicaid (saúde para baixa renda):

  • Exigência de 80 horas de trabalho/mês para adultos sem filhos/deficiências.
  • Facilita cancelamento de cobertura por falta de documentação.
  • Alvo de cortes superiores a US$ 300 bilhões.

Educação

  • Redução de US$ 330 bilhões em empréstimos estudantis nos próximos 10 anos.
  • Limites anuais para financiamentos de pós-graduação.
  • Fim de programas de pagamento com base na renda.

Fim de incentivos à energia limpa

Revoga créditos da Lei de Redução da Inflação de Biden.

Acaba com:

  • Crédito de US$ 7,5 mil para compra de carros elétricos (até 2025).
  • Incentivos fiscais para energia solar, eólica, baterias e geotérmica.

Aumento de gastos militares e anti-imigração

US$ 150 bilhões para Defesa:

  • Inclui o sistema de defesa espacial “Golden Dome”.

US$ 175 bilhões para políticas anti-imigração:

  • Reforço de patrulhas na fronteira.
  • Construção de centros de detenção e infraestrutura de controle migratório.

Impacto fiscal

  • Aumento de US$ 3,3 trilhões na dívida pública até 2034.
  • A dívida total dos EUA já ultrapassa US$ 36,2 trilhões.
  • Analistas alertam para risco de desaceleração econômica e maior custo da dívida.

Pressão política e divisão partidária

  • Projeto aprovado por margem apertada no Congresso (218 a 214 na Câmara).
  • Pressão direta de Trump sobre parlamentares moderados.
  • Resistência interna no Partido Republicano, especialmente de representantes de estados pobres.
  • Críticos apontam favorecimento aos mais ricos e sacrifício das classes mais vulneráveis.

 

 

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