O governo do presidente Lula (PT) deve publicar, na sexta-feira (28), a medida provisória (MP) que libera o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) a trabalhadores demitidos por justa causa que haviam aderido ao saque-aniversário. Na terça-feira (25), o Ministério do Trabalho e Emprego publicou nota confirmando a publicação da MP.
Conforme os dados preliminares, a medida vai:
- Beneficiar 12,1 milhões de trabalhadores demitidos por justa causa desde janeiro de 2020 até a data da publicação da MP;
- Injetar R$ 12 bilhões na economia; e
- Creditar os valores na conta cadastrada no FGTS em duas etapas.
Na primeira etapa, será depositado valor até o limite de R$ 3 mil da parcela depositada pelo empregador anterior. Se o valor for superior, o saldo restante será liberado numa segunda etapa, 110 dias após a publicação da MP.
Após esse prazo, os trabalhadores que optarem pelo saque-aniversário e forem demitidos não poderão acessar o saldo, que permanecerá retido, diz o governo
Na segunda-feira (24), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que alguns trabalhadores do setor privado foram “induzidos a erro” ao aderirem ao saque-aniversário.
“Algumas pessoas ficaram prejudicadas, foram induzidas ao erro. No momento da rescisão, você tem direito a um saque, só que, se você fizer o consignado, você perde esse direito, que só pode ser exercido dois anos depois. Isso causou muito desconforto entre os trabalhadores que não foram alertados”, disse o ministro.
O saque-aniversário do FGTS foi criado em 2020, em mais uma das medidas eleitoreiras do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). À época, os trabalhadores que aderiram à modalidade não foram devidamente informados sobre o fato de que perderiam o saque-rescisão em caso de demissão.
O que acontece depois para quem optar pelo saque-aniversário
Na prática, a MP não acaba com o saque-aniversário, como defendia, a princípio, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, sob a alegação de que o FGTS é uma poupança do trabalhador em caso de demissão.
Trecho da nova publicada pela pasta diz: “Após esse prazo [estabelecido pela MP], os trabalhadores que optarem pelo saque-aniversário e forem demitidos não poderão acessar o saldo, que permanecerá retido”, diz o governo.
Isso significa que a medida é apenas retroativa – ou seja, vai liberar dinheiro do FGTS que já está bloqueado na conta do trabalhador que optou pelo saque-aniversário, e não contempla usos futuros do saque-aniversário.
Portanto, o trabalhador deve ficar atento ao fazer essa opção, pois, agora, há uma comunicação clara de que o valor ficará retido se ele optar pelo saque-aniversário.
A expectativa do governo é que, após o lançamento oficial do e-consignado, previsto para o dia 12 de março, a demanda pelo saque-aniversário vai diminuir naturalmente, reduzindo o impacto político de uma eventual extinção do programa.
Além disso, a MP deve atender apenas aos trabalhadores que fizeram uso do saque-aniversário e não utilizaram o valor como garantia de empréstimo. Por essa razão, o contingente de quem deve receber os recursos é menor que os mais de 24 milhões de profissionais que pediram o saque-aniversário desde 2020.
Nesta terça-feira (25), o presidente Lula se reuniria com o ministro do Trabalho e com centrais sindicais para comunicar a medida. No entanto, o encontro foi adiado por problemas de agenda, segundo o Palácio do Planalto.
Durante a tarde, Lula se reuniu com Nísia Trindade, quando comunicou-a da saída do cargo de ministra da Saúde.
Leia também
Relacionados
Nova faixa do Minha Casa Minha Vida inclui famílias com renda de até R$ 12 mil
Decreto foi assinado por Lula; disponibilidade dos contratos ainda não foram divulgadas
Lula sanciona lei que garante reconstrução dentária para mulheres vítimas de violência
Para ter acesso ao programa, as mulheres precisam apresentar documentos que comprovem a situação de violência
Lula assina decreto que antecipa 13º salário dos aposentados para abril e maio
Pelo cronograma tradicional, os valores seriam depositados somente no segundo semestre