O novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou em seu primeiro discurso de posse como mandatário da pasta nesta manhã de segunda-feira (2), o compromisso de que o déficit previsto para a economia brasileira no Orçamento de 2023 “não vai acontecer”. Ele também reafirmou que vai trabalhar para reduzir o impacto negativo nas contas públicas. “Não aceitaremos um resultado primário que não seja melhor do que os absurdos R$ 220 bilhões de déficit previstos no Orçamento para 2023”, declarou.
Haddad já havia dado declarações a respeito do déficit orçamentário em entrevista concedida à jornalista Míriam Leitão, no jornal O Globo, na semana passada. Na ocasião, ele também prometeu que, assim que assumisse a pasta, faria um plano robusto para corte de gastos desnecessários.
Haddad e os outros 36 ministros foram empossados ontem (1º) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em cerimônia histórica em Brasília. O Orçamento de 2022, aprovado pelo Congresso Nacional, elevou de R$ 63,7 bilhões para R$ 231,5 bilhões a previsão para o rombo das contas do governo em 2023. O aumento na estimativa ocorreu devido aos efeitos previstos com a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que abriu margem no teto de gastos (regra fiscal que limita o aumento de gastos do governo federal à inflação anterior) de R$ 145 bilhões.
Mas, além dos efeitos da PEC, Haddad afirmou que o aumento do déficit orçamentário previsto para o próximo ano também estaria relacionado com o pacotaço eleitoreiro do ex-presidente Jair Bolsonaro, para tentar se reelegere. “Com objetivo exclusivamente eleitoreiro, acabaram com filtros de seleção de beneficiários dos programas de transferência de renda, comprometendo a austeridade desses programas. Recentemente, aliás, confessaram o ato, nos pedindo a retirada de dois milhões e meio de pessoas que eles incluíram indevidamente no cadastro do Bolsa Família”, afirmou Haddad.
Novo ministro da Fazenda manda recado ao mercado financeiro ao afirmar que não existe “mágica nem malabarismos financeiros”
Visto com reservas por agentes do mercado financeiro, ainda que tenha feito uma gestão responsável da economia quando prefeito de São Paulo, Haddad aproveitou o discurso para mandar um recado a investidores. Defendendo o diálogo, o novo mandatário da Fazenda afirmou que não existe “mágica nem malabarismos financeiros” e que buscará uma “harmonização” entre a política fiscal e monetária.
“Não existe mágica nem malabarismos financeiros. O que existe para garantir um Estado fortalecido é a previsibilidade econômica, confiança dos investidores e transparência com as contas públicas”, assegurou Haddad, dizendo acreditar que o “diálogo é a maior ferramenta da política, e o melhor caminho para encontrar o denominador comum dos anseios da população brasileira e do mercado”.
Ainda, Haddad disse que sua equipe não está aqui para “aventuras”, mas sim para “assegurar que o país volte a crescer para suprir as necessidades da população em saúde, educação”, e, ao mesmo tempo, “para garantir equilíbrio e sustentabilidade fiscal”.
O novo mandatário da pasta disse também que, conforme previsto no texto da PEC da Transição, enviará ao Congresso já no primeiro semestre deste ano uma proposta de nova âncora fiscal em substituição ao teto de gastos.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
Deixe um comentário