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Petrobras pagou os maiores dividendos no segundo trimestre entre todas empresas listadas na bolsa no mundo, segundo gestora de recursos

Alto dividendo da Petrobras, apontado pela gestora de recursos Janus Henderson, é usado pelo Governo para o pagamento de benefícios na desesperada tentativa de subir nas pesquisas e, assim, conseguir sua reeleição
25/08/2022 | 13h16

A Petrobras foi a empresa que pagou os maiores dividendos entre todas as companhias listadas em bolsa no mundo no segundo trimestre de 2022, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (24) pela gestora de recursos Janus Henderson. Não à toa, o governo Bolsonaro pediu a antecipação de recursos das estatais para bancar os benefícios distribuídos antes da eleição com o intuito de ganhar votos. A iniciativa, em benefício próprio, tem sido alvo de críticas de sindicatos, oposição e especialistas no setor, por privilegiar o acionista em detrimento de investimentos.

Segundo os economistas do ICL, André Campedelli e Deborah Magagna, o alto pagamento de lucros e dividendos parece ser uma marca registrada da Petrobras durante o governo Bolsonaro. “A distribuição de lucros e dividendos para o governo ajuda a pagar o pacote fiscal que está sendo criado para melhorar a imagem de Bolsonaro na desesperada tentativa de subir nas pesquisas e conseguir, consequentemente, sua reeleição”,  afirmam. 

Puxado pelo alto lucro das petroleiras, o valor dos dividendos globais atingiu recorde de US$ 544,8 bilhões no trimestre (R$ 2,8 trilhões), alta de 11,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além da Petrobras, a colombiana Ecopetrol aparece na lista das dez maiores pagadoras.

Segundo o levantamento, chamado Janus Henderson Global Dividends Index, o setor de petróleo contribuiu com mais de dois quintos do crescimento do valor distribuído. Com a escalada das cotações, a Petrobras teve lucro de R$ 54,3 bilhões no trimestre.

Foi o terceiro melhor resultado de sua história – e de uma companhia aberta brasileira – coroando um semestre de ganhos bilionários: no primeiro trimestre, a estatal havia lucrado R$ 44,5 bilhões.

Apenas em 2022, a Petrobras já anunciou a distribuição de R$ 136,3 bilhões. Deste total, R$ 48,5 bilhões foram distribuídos no segundo trimestre. Os R$ 87,8 bilhões restantes começam a ser pagos no dia 31 de agosto.

Em relatório logo após o anúncio do valor, o analista Daniel Cobucci, do BB Investimentos, alertou para riscos de que a política de prioridade à remuneração aos acionistas gere “implicações para o crescimento e atuação estratégica para o longo prazo”.

Esse movimento, diz, ocorre em meio a um processo de venda de ativos e redução do endividamento, “elementos que permitiriam, em nossa opinião, um posicionamento da companhia em investimentos focados na diversificação das receitas em mercados promissores e voltados para a transição energética.”

Representante dos minoritários no conselho da companhia, o advogado Francisco Petros também questionou a estratégia. “Consideradas as variáveis estratégicas, o pagamento de dividendos no nível atual caracteriza a empresa ‘sem projeto'”, afirmou ao jornal Folha de S.Paulo na ocasião.

Diante diante da elevada distribuição de dividendos da Petrobras,  pouco sobra para o reinvestimento

Os economistas do ICL explicam que, diante da elevada distribuição de lucros da Petrobras, pouco sobra para o reinvestimento, ou seja, reduz consideravelmente a capacidade de modernização e expansão da empresa. “Isso tudo mostra que está ocorrendo um evidente processo de sucateamento da empresa, buscando uma privatização para os próximos anos”, afirmam André Campedelli e Deborah Magagna.

“É estarrecedor. Tamanha relação entre dividendo-lucro jamais foi vista”, criticou o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar. “Ao abrir mão de sua capacidade de geração de caixa para distribuir a seus acionistas, a Petrobras reduz seu capital, seu patrimônio, e diminui sua possibilidade futura de investimento.”

De fato, os investimentos da Petrobras já caíram mais de 30% de 2018 a 2021, período que coincide com o do governo de Bolsonaro. No ano passado, foram US$ 8,7 bilhões em investimentos. Isso é 81% a menos do que o recorde registrado em 2013, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Naquele ano, foram investidos US$ 48 bilhões.

Além das petroleiras, empresas dos setores financeiro e de consumo, principalmente fabricantes de carros, também se destacaram no pagamento de dividendos no segundo trimestre de 2022, diz o relatório da gestora de recursos Janus Henderson.

Assim como o setor de petróleo, os bancos contribuíram por dois quintos do crescimento do valor distribuído no trimestre.

Segundo alguns analistas, a recuperação pós pandemia já está quase completa, o que limitará os ganhos nos próximos trimestres, e o mundo enfrenta o risco de desaceleração da economia global.

A gestora de recursos Janus Henderson espera que os dividendos pagos em todo o ano somem US$ 1,56 trilhão (R$ 7,9 trilhões), alta de 5,8% em relação ao valor verificado em 2021.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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