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Reajustes nas passagens de ônibus devem impactar pouco a inflação em 2025

Mas especialistas reforçam que aumentos vêm no momento em que já há outras pressões inflacionárias
03/01/2025 | 14h56

Especialistas ouvidos por reportagem do jornal O Globo calculam que será pequeno o impacto na inflação dos reajustes nas passagens de ônibus em algumas capitais do país anunciados neste começo de 2025. Porém, salientam que os aumentos vieram para ficar e ocorrem em um momento em que já há outras pressões inflacionárias, como o dólar mais alto.

De acordo com a reportagem, se o item “ônibus urbano”, medido no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país, subir entre 5% e 7% no acumulado de 2025, o impacto na variação agregada ficará entre 0,05 e 0,07 ponto percentual.

Os usuários de transportes públicos de sete capitais brasileiras começaram o ano de 2025 com as tarifas de transportes públicos mais caras: Belo Horizonte, Florianópolis, Natal, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Os reajustes acontecem em um momento de mudanças nas gestões municipais, com prefeitos eleitos ou reeleitos.

No último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central, a mediana dos analistas consultados para a publicação elevou de 4,84% para 4,96% a projeção de inflação para 2025. Se confirmada a estimativa, isso significa que o indicador ficará de novo acima do teto da meta fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), que é de 3% (centro), podendo oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

Altas das passagens estão abaixa da inflação média desde 2020

Ao O Globo, André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), explicou que, desde 2020, os reajustes das tarifas do transporte público estão abaixo da inflação média. Um motivo a mais para as empresas concessionárias pressionarem por aumentos.

“É uma variável que pesa porque ano passado não tivemos isso. O ciclo político acaba concentrando reajustes num ano só”, disse. Segundo ele, no agregado nacional o impacto dos reajustes é pequeno, embora essa não seja a percepção dos usuários.

Porém, Claudia Moreno, economista do banco C6, enfatizou que os reajustes não são desprezíveis, especialmente porque, em São Paulo, a alta foi de quase 14%, e a cidade tem o maior peso na composição do IPCA nacional.

A equipe de economistas do banco calculam que os aumentos nas passagens de ônibus país afora deverão acrescentar 0,07 ponto percentual de alta no IPCA de 2025, que deve ficar em 5,3% neste ano, portanto, acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central.

Por sua vez, o economista do FGV Ibre calcula alta de 4,9% no IPCA de 2025, e chama a atenção para o fato de que o câmbio está muito volátil, com as cotações subindo e descendo, embora com tendência de alta. Na visão dele, isso pode trazer impactos nos preços dos combustíveis.

“Se o câmbio ficar nesse patamar, aí, sim, aumenta muito as chances de haver um aumento nos preços dos combustíveis”, pontuou.

Preços represados

A Petrobras encerrou 2024 sem ter promovido um único reajuste nos preços do diesel em suas refinarias. É a primeira vez que isso acontece em 13 anos. Além disso, a gasolina subiu só uma vez no ano que acabou de terminar.

No ano passado, o preço da gasolina subiu em julho, com aumento de 7,04%. No mesmo dia, o gás de cozinha subiu 9,72%. A última alteração do diesel foi um corte de 7,85% em dezembro de 2023, ainda na gestão do ex-presidente da estatal Jean Paul Prates.

A explicação para esse feito, a despeito da volatilidade dos preços do petróleo no mercado internacional e do dólar, foi a mudança na política de preços aplicada pela companhia.

Ainda que tenha havido mudança na política, não se sabe até quando a estatal conseguirá segurar o reajuste nos preços dos combustíveis.

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