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Selic alta mantém Brasil no 2º lugar de maior juro real do mundo; entenda os impactos

Juros mais altos encarecem a dívida pública, o crédito, os investimentos e afetam o poder de compra das famílias brasileiras
30/01/2025 | 09h24

Com a alta da taxa Selic para 13,25% ao ano, anunciada na quarta-feira (29) pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, o Brasil continua a ter o segundo maior juro real do mundo, segundo ranking do site MoneYou.

O juro real é formado, entre outros pontos, pela taxa de juros nominal do país menos a inflação prevista para os próximos 12 meses.

De acordo com o compilado feito pelo os juros reais do país ficaram em 9,18%, só perdendo para o primeiro colocado, a Argentina, com taxa real de 9,36%.

Veja abaixo os 15 países com os maiores juros reais do mundo em uma lista de 40 nações (clique aqui para conferir):

  • Argentina: 9,36%
  • Brasil: 9,18%
  • Rússia: 8,91%
  • México: 5,52%
  • Indonésia: 5,13%
  • Colômbia: 5,01%
  • República Checa: 3,30%
  • África do Sul: 2,95%
  • Filipinas: 2,57%
  • Hong Kong: 1,99%
  • Reino Unido: 1,46%
  • Malásia: 1,39%
  • Chile: 1,29%
  • Índia: 1,29%
  • Hungria: 1,28%

Na última divulgação, em dezembro, o Brasil já ocupava a segunda posição da lista. Fatores como o risco fiscal, o câmbio, a inflação e a frustração com o pacote de corte de gastos anunciado pelo governo pressionaram o fechamento da taxa real de juros, segundo o MoneYou.

Na nova edição do ranking, o destaque é a Argentina, que saltou da 28ª para a 1ª colocação, movimento explicado pelas quedas na taxa de juros e na inflação do país.

Em relação às taxas de juros nominais, ou seja, sem o desconto da inflação, os 15 primeiros da lista são os seguintes:

  • Turquia: 45,00%
  • Argentina: 32,00%
  • Rússia: 21,00%
  • Brasil: 13,25%
  • México: 10,00%
  • Colômbia: 9,50%
  • África do Sul: 7,75%
  • Hungria: 6,50%
  • Índia: 6,50%
  • Filipinas: 5,75%
  • Indonésia: 5,75%
  • Polônia: 5,75%
  • Chile: 5,00%
  • Hong Kong: 4,75%
  • Reino Unido: 4,75%

Entenda como a alta da Selic afeta a sua vida

Com o reajuste promovido ontem pelo Copom, a Selic subiu de 12,25% para 13,25% ao ano. O comunicado divulgado com a decisão antecipa que, caso o cenário de pressões inflacionárias persista, o colegiado pode elevar novamente a taxa em 1 ponto percentual na reunião de março, o que colocaria a Selic em 14,25% ao ano, o mesmo patamar de 2016, quando a inflação estava na casa dos dois dígitos (10,57% ao ano), o que não é o caso agora.

A inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), encerrou 2024 em 4,83% ao ano, um pouco acima do teto da meta de 4,50% definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).

Quais os impactos da alta da Selic na vida do brasileiro e do país?

  • Dívida pública: o aumento da Selic afeta a dívida bruta do Brasil, que deverá aumentar em torno de R$ 50 bilhões, consumindo mais de dois terços das economias feitas com os cortes nas despesas feitas pelo governo com seu pacote fiscal. A economia com os cortes de gastos é estimada em R$ 70 bilhões em 2025 e 2026.
  • Encarecimento do crédito: os bancos acompanham a alta da Selic e repassam esse custo aos consumidores, encarecendo empréstimos e financiamentos.
  • Menor volume de crédito disponível no mercado: sinais de desaceleração da atividade econômica e expectativa de alta da inflação deixam os bancos menos propensos a emprestar.
  • Redução dos investimentos das empresas: juros altos encarem crédito e investimentos, o que impacta a atividade econômica.
  • Dívida mais cara para os já endividados: aqueles que já têm créditos contratados com juros pós-fixados podem ter a capacidade de pagamento afetada, o que gera riscos de inadimplência.
  • Poder de compra das famílias: com menos recursos disponíveis, as famílias deixam de comprar e, portanto, de ajudar a girar a economia.

Efeitos positivos da Selic:

  • O único efeito positivo da Selic é sobre os investimentos de renda fixa, como papéis do Tesouro atrelados à taxa básica de juros.

O que precisa ser feito para a Selic cair

Para analistas, a única saída para que os juros caiam é a expectativa de inflação convergindo mais para a meta, que é de 3% este ano (centro), podendo oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

Além disso, o equilíbrio das contas públicas, que tem sido motivo de pressão por parte do mercado financeiro sobre o governo, também precisa dar sinais de melhora.

 

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