Por Bruno Xavier
(Folhapress) — Nas eleições de 2024, os partidos de esquerda elegeram o menor número de prefeitos de capitais desde 1985, ano em que todas as sedes estaduais passaram a ter eleição direta para o Executivo.
Neste ano, apenas João Campos (PSB), em Recife, e Evandro Leitão (PT), em Fortaleza, foram eleitos por partidos à esquerda no espectro político. Em 1985, quatro prefeitos desse campo venceram as disputas.
O número nunca havia ficado abaixo do conquistado naquela eleição. Naquele ano, o país contava com 23 estados e dois territórios federais — Amapá e Roraima. Tocantins ainda não havia sido criado.
Ainda que os únicos representantes da esquerda em 2024 nas capitais sejam do Nordeste, essa foi a maior redução desse campo político nas capitais da região. O Nordeste é associado às vitórias do PT desde, pelo menos, 2006.
Os partidos de esquerda chegaram a controlar 8 das 9 capitais nordestinas em 2004, mas 20 anos depois perderam terreno para as legendas de direita, que agora dominam seis capitais da região.
Em Aracaju, as eleições municipais escolheram prefeitos alinhados à esquerda em sete das últimas dez eleições municipais. Em 2024, quem chegou na primeira colocação foi Emília Corrêa (PL), aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Melhor resultado da esquerda foi há 20 anos
Nacionalmente, o melhor resultado dos esquerdistas também veio em 2004, primeira eleição municipal do governo Lula 1. Naquele pleito, 17 das 26 capitais do país estavam sob o comando dessas legendas.
O PT, o PDT e o PSB são, historicamente, os partidos de esquerda que mais elegeram prefeitos nas capitais do país, mas enfrentam crises no período mais recente. O PT chegou a ficar de fora das capitais em 2020, situação vivida pelo PDT agora.
Com a vitória de Leitão em Fortaleza, o PT volta a uma situação parecida com a enfrentada em 1985, quando teve na cidade a primeira vitória em capitais de sua história, com Maria Luíza Fontenele.
No segundo turno realizado neste domingo (27), os partidos de esquerda concorreram em 6 das 15 capitais pelo país que tiveram uma segunda rodada. Foram vitoriosos em apenas uma.
Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, Natália Bonavides (PT), em Natal, Luiz Roberto (PDT), em Aracaju, Maria do Rosário (PT), em Porto Alegre, e Lúdio Cabral (PT), em Cuiabá, foram derrotados. Destes, apenas Bonavides e Cabral ficaram a menos de 10 pontos percentuais de distância dos vencedores.
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