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Estudo encontra relação da carne vermelha e risco de diabetes tipo 2

Produzido em Harvard, levantamento identificou que ferro heme das carnes vermelhas pode aumentar chances de desenvolver doença
17/08/2024 | 05h00

A carne vermelha pode ser uma grande aliada em muitas dietas. Mesmo assim, um estudo recente publicado na revista Nature Metabolism descobriu que o ferro heme pode gerar maiores chances de desenvolver o diabetes tipo 2.

O estudo foi dirigido por pesquisadores da Escola de Saúde Pública T. H. Chan, de Harvard. O ferro heme é um tipo de ferro encontrado nas carnes vermelhas e outros produtos de origem animal.

A ligação entre o diabetes tipo 2 e o ferro heme não é uma novidade. Contudo, o que o estudo trouxe de novidade foi um aprofundamento sobre essa ligação. Ele faz isso analisando outros dados, que até então não haviam sido estudados.

“Em comparação com estudos anteriores que se baseavam apenas em dados epidemiológicos, integramos múltiplas camadas de informação, incluindo dados epidemiológicos, biomarcadores metabólicos convencionais e metabolômica de ponta”, disse o autor principal Fenglei Wang, investigador associado do Departamento de Nutrição, em comunicado.

“Isso nos permitiu alcançar uma compreensão mais abrangente da associação entre a ingestão de ferro e o risco de diabetes tipo 2, bem como as possíveis vias metabólicas subjacentes a essa associação”, completa.

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Estudo do ferro heme

O ferro é obtido através da alimentação, e tem suas funções no organismo, das quais incluem produzir glóbulos vermelhos, apoiar o sistema imunológico e produzir hormônios.

Ele é um minério que pode ser encontrado em dois formatos, o heme e o não-heme. Para o estudo, os pesquisadores utilizaram dados de quase 207 mil profissionais de saúde ao longo de 36 anos, sobre a ingestão de ferro.

Além disso, os pesquisadores foram atrás de identificar os mecanismos biológicos que mantêm a relação entre do ferro heme e a diabetes tipo 2.

Para tanto, eles formaram subconjuntos menores de participantes. Ao todo, eles analisaram 37.544 participantes, incluindo aqueles relacionados aos níveis de insulina, açúcar no sangue, lipídios no sangue, inflamação e dois biomarcadores do metabolismo do ferro. Perfis metabolômicos de 9.024 participantes, também foram analisados.

No fim, o estudo identificou uma associação significativa entre maior ingestão de ferro heme e o risco de desenvolver diabetes.

De acordo com os dados coletados, os participantes que tiveram maior consumo de carne vermelha tiveram um risco 26% maior de desenvolver a doença do que aqueles do grupo de menor consumo.

Dado grave

Os cientistas chegaram a outro dado ainda mais grave a respeito do ferro heme: ele é responsável por mais de metade do risco de diabetes associado à carne vermelha não processada e por uma proporção moderada do risco para vários padrões alimentares relacionados com a doença.

O estudo diz ainda que a maior ingestão do mineral está ligada a biomarcadores metabólicos sanguíneos associados ao diabetes. Matabólicos sanguíneos também foram identificados pelos pesquisadores.

Seguindo a linha de estudos anteriores, os pesquisadores não acharam qualquer vestígio que indicasse que o ferro não-heme — encontrado em alimentos vegetais — aumente as chances de desenvolver diabetes.

Contudo, deve ser notado que algumas carnes vegetais são acrescidos de ferro heme para realçar o sabor e aparência de carne.

Orientações

Os pesquisadores acreditam que o estudo pode ajudar, a nível populacional, em questões como orientações dietéticas e estratégias de saúde pública para reduzir as taxas de diabetes.

“Este estudo ressalta a importância de escolhas alimentares saudáveis ​​na prevenção do diabetes”, disse o autor correspondente Frank Hu, Fredrick J. Stare Professor de Nutrição e Epidemiologia.

“Reduzir a ingestão de ferro heme, especialmente proveniente de carne vermelha, e adotar uma dieta mais baseada em vegetais podem ser estratégias eficazes na redução do risco de diabetes”, completa.

Apesar dos resultados, o estudo ainda possui limitações, que dizem respeito ao potencial de contabilização incompleta de fatores de confusão e erros de medição nos dados epidemiológicos.

Outro fator que deve ser levado em consideração é que o estudo usou, em grande maioria, pessoas brancas como base para a pesquisa.  Devem ser realizados outros teste usam dou grupos étnicos.

 

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