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Enviado dos EUA à Venezuela diz que Trump não quer ‘mudança de regime’ em Caracas

Richard Grenell afirmou que Casa Branca não atendeu pedidos da Venezuela em troca da liberação de reféns
25/02/2025 | 13h50
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Por Lorenzo Santiago — Brasil de Fato 

O enviado dos Estados Unidos para Missões Especiais, Richard Grenell, disse neste domingo (23) que o governo do presidente Donald Trump não quer uma “mudança de regime” para a Venezuela. Em entrevista à The Epoch Times, ele afirmou que a ideia da Casa Branca é cumprir com a “agenda zero” definida pelos dois governos. O objetivo é retomar as relações entre os países sem interferência de políticas e gestões anteriores.

“Somos muito claros sobre o governo venezuelano e Maduro, mas Donald Trump é alguém que não quer fazer mudanças de regime. Passei o dia em Caracas, conheci [o presidente] Nicolás Maduro e tivemos uma reunião bilateral. Disse que queria ter uma conversa para um relacionamento diferente com ele”, afirmou.

A declaração foi dada às margens da Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC), evento organizado pela extrema direita global em Washington. Segundo ele, o governo republicano quer ter um “relacionamento diferente com a Venezuela”.

Deportados para a Venezuela

Grenell foi enviado à Caracas para uma reunião privada com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A conversa teve como objetivo discutir uma saída para os deportados venezuelanos que estão nos Estados Unidos. Caracas concordou em receber os venezuelanos deportados pelo governo republicano e concordou em enviar aviões comerciais para buscá-los. Essas operações já estão sendo realizadas. Até agora, três voos chegaram ao país, sendo o último nesta segunda-feira (24) com 242 pessoas.

O acordo entre as partes ainda envolveu a liberação de 6 estadunidenses presos em território venezuelano por participarem de planos para matar tanto o presidente quanto a vice, Delcy Rodriguez.

De acordo com o enviado especial, ele tentou fazer, por meios diplomáticos, com que o governo venezuelano pagasse pelos aviões que viriam até os Estados Unidos. Ainda segundo Grenell, Maduro fez uma série de pedidos, mas o governo estadunidense não deu nada em troca para os venezuelanos. Grenell disse que a única contrapartida foi a “sua própria presença em Caracas”.

“Eu disse: ‘Olha, não estamos aqui para te dar nada. No entanto, eu vim aqui para Caracas. Agora estou sentado no seu palácio. Estou sentado aqui pedindo para você fazer coisas, e você tem câmeras por todo lado. Você vai usar esse momento. Você vai dizer às pessoas que estou aqui; isso por si só é um presente. Isso por si só sou eu mostrando a você que precisamos falar sobre um relacionamento diferente’”, disse o enviado especial.

Durante a entrevista, ele reforçou também que queria levar seis dos estadunidenses que estavam presos. Grenell disse que os seis chegaram em carros diferentes no mesmo dia e foram levados para Washington nos aviões do governo estadunidense. O enviado especial também afirmou que foram identificados 250 integrantes do Trem de Aragua que serão deportados para a Venezuela.

O governo venezuelano tem negado a participação dos deportados na facção e disse já ter desmantelado a atuação do grupo na Venezuela.

Trump como ameaça

Grenell usou a entrevista para ameaçar outros países que devem negociar com os Estados Unidos. De acordo com ele, a diplomacia estadunidense consegue resultados positivos para a Casa Branca porque o presidente Donald Trump representa uma “ameaça crível” para outros governos.

“Como diplomata, tenho que dizer que, quando estamos numa mesa de negociações, somos bem-sucedidos não é porque conseguimos falar melhor do que outras pessoas. Há uma razão pela qual os embaixadores de Donald Trump conseguem fazer essas coisas. E é por causa de Donald Trump, é porque ele representa uma ameaça crível. Não é apenas uma ameaça de guerra, é uma ameaça tarifária, é uma ameaça de sanções econômicas, é uma ameaça crível”, disse.

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