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Um dos pontos que mais geraram atenção da imprensa e do governo federal foram as inúmeras fake news que foram disseminadas ao longo dos últimos dias.

Abordando temas que vão desde suposta escassez de arroz até a recusa de auxílio internacional e passando por um boicote contra doações, estes conteúdos apresentam uma linha única de condução: descredibilizar a atuação do poder público no amparo e atendimento à população gaúcha.

A partir de uma análise perspectivista das redes sociais este movimento precisa ser entendido não apenas como causa (de um cenário ainda mais caótico), mas também como efeito.

Seria assim uma consequência de um ambiente de debate nas redes onde a oposição, aqui liderada pela extrema direita, não estaria conseguindo incidir no debate por meio de caminhos oficiais, político-partidários e/ou institucionais.

Assim, a atuação de entes municipais, estaduais e federais, bem como o engajamento da sociedade civil com campanhas de solidariedade acabaram por superar, no debate sobre o tema, os clusters polarizados nas redes sociais.

Dessa forma, as avalanches de notícias falsas que assolam o debate sobre o tema são uma — se não a única — forma encontrada pelo bolsonarismo até aqui para incidir no debate sobre a tragédia no Rio Grande do Sul.

Ainda sob o prisma da análise perspectivista de redes sociais, é essencial que analisemos para além da quantidade de conteúdo produzida. É preciso compreender quem percebe e como percebe esse tipo de conteúdo.

Precisamos, para além de análises quantitativas, analisar os impactos deste tipo de conteúdo no local da tragédia (estado do RS) mas também nos outros estados da federação indiretamente atingidos pelo evento (ex.: notícias falsas sobre escassez de arros).

Apenas esse tipo de análise nos proporcionará elementos confiáveis para lidar com este tipo de conteúdo, evitando assim uma reação caótica e cacofônica no combate às fake news que, neste momento, só atende os anseios da extrema direita no país.

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