A atuação de Fernanda Torres em “Ainda estou aqui” rendeu à atriz, nesta quinta-feira (23), a indicação ao Oscar 2025. O filme brasileiro também concorre na categoria de melhores filmes internacionais e de Melhor Filme, um feito inédito para uma produção nacional.
Fernanda Torres disputa a estatueta com Mikey Madison (“Anora), Demi Moore (“A substância”), Karla Sofía Gascón (“Emilia Pérez”) e Cynthia Erivo (“Wicked”). O Oscar 2025 acontece em 2 de março em Los Angeles.
Fernanda chega ao topo da disputa do cinema mundial 26 anos após indicação de sua mãe, Fernanda Montenegro, por “Central do Brasil” (1998), também dirigido por Walter Salles. Foi a última vez em que o Brasil apareceu nas categorias de atuação. Em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira, a atriz falou sobre o anúncio e celebrou o legado de Eunice Paiva para a história do Brasil.
“Eunice viveu tempos parecidos com o que estamos vivendo. Ela viveu o período da Guerra Fria. Costumo dizer que ela, a família dela e do Rubens Paiva foi uma vítima da Guerra Fria. Um período muito distópico de medo de Armageddon, medo do botão vermelho… Eu cresci com isso. Tanto Estados Unidos quanto Rússia interferindo na geopolítica mundial. Na maioria das vezes, à base de revoluções forjadas, a corrida armamentista subindo… As pessoas com muito medo. Eu acho que a gente tá vivendo um período muito parecido e distópico no mundo”, disse Fernanda Torres, acrescentando que estamos em um momento de extremismos crescentes com ideais de supremacia branca.
“Não adianta rebater na mesma estridência do outro lado. A Eunice Paiva nos ensina a ter calma e civilidade. Ela é um grande modelo para enfrentarmos esse momento de agora. E pensar que é uma luta longa. A história anda pra trás e anda pra frente em muitos momentos do mundo, mas temos que prezar pela civilidade”.
Durante entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, Fernanda Torres revelou que preferiu não assistir ao anúncio das indicações, inclusive porque seu sobrenome começa com T e aparece sempre no fim, já que a lista vem em ordem alfabética.
“Eu não tava na frente da televisão nem morta. De jeito nenhum, pelo amor de deus. Eu acordei com aquela angústia porque eram duas alternativas: uma era não ser indicada e ficar assim… aquele sentimento de ‘morreu na praia’. Porque as pessoas estão tão motivadas no Brasil, eu queria dar essa alegria. Não só pelo filme, mas pela Eunice Paiva, por mim, por tudo. Então tinha o medo de não ser nomeada e ficar esse sentimento e o outro medo era ser nomeada… e eu sei o trabalho que vem pela frente agora. Dia 8 de fevereiro a gente tem que estar em Los Angeles de novo.”
Fernanda Torres publicou vídeo em sua página
Em sua página no Instagram, Fernanda Torres publicou um vídeo dizendo que está muito grata e surpresa com a indicação.
“Queridos, eu não tenho nem o que falar. Eu queria agradecer ao Walter, à generosidade que ele teve comigo nesse filme. Nosso filme tá indicado não só como melhor filme de língua estrangeira, mas também como melhor filme do ano… isso é uma coisa inimaginável.
Queria agradecer à equipe toda, à minha família do filme. Foi um filme que a gente fez na felicidade, assim, e acima de tudo eu quero agradecer e homenagear essa mulher extraordinária chamada Eunice Paiva que tá por trás disso tudo. E ao Marcelo Paiva que escreveu esse livro e nos possibilitou fazer esse filme. Isso significa muito pra cultura brasileira, um filme falado em português. Eu tô muito emocionada, muito surpresa. Eu amo o Brasil. Tô muito orgulhosa de uma história brasileira fazer sentido no mundo.”
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