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Brasil em chamas: de Norte a Sul, estados sofrem com incêndios nas matas e fumaça

Inmet emitiu alerta laranja de perigo para baixa umidade para 15 estados e o Distrito Federal.
03/09/2024 | 12h53

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta laranja de perigo para baixa umidade para 15 estados e o Distrito Federal.

Serão afetados pelo tempo seco os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de partes de Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rondônia.

Nesses locais, a umidade relativa do ar não deve passar dos 20% e há risco de incêndios florestais e à saúde da população. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o limite ideal da umidade relativa do ar é em torno de 60%.

Em vários pontos do país, o fogo destrói enormes áreas de vegetação, com prejuízos ambientais incalculáveis. A fumaça faz a qualidade do ar cair a níveis alarmantes — Porto Velho chegou a ter a pior qualidade do ar do planeta, segundo especialistas — e a seca causa redução recorde nos níveis de rios importantes da Amazônia.

Distrito Federal

Não chove há 134 dias no Distrito Federal. A última chuva registrada pelo Inmet foi em 23 de abril. Nesta terça-feira (3), a umidade relativa do ar caiu a 7%, na região do Gama– o dia mais seco da história do DF, segundo o Inmet.

Brasília, a capital do país, chegou a ficar em alerta vermelho — que representa grande perigo — para a baixa umidade. Esse é o alerta mais alto entre os disponibilizados pelo Inmet e destaca que há grandes riscos de incêndios florestais e à saúde.

Atualmente, o DF está sob alerta laranja, que significa perigo. Neste caso, a umidade pode atingir 12%.

Antes do novo recorde, a umidade mais baixa registrada pelo Inmet havia sido em setembro de 2011: 8%. O índice de umidade do ar recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 60%.

Fogo em Floresta Nacional de Brasília

Floresta Nacional de Brasília com focos de incêndio. (Foto: Reprodução)

A Floresta Nacional de Brasília (Flona) está em chamas desde a manhã desta terça-feira (3). Há três grandes focos de incêndio, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Um paredão de fumaça se formou e o parque foi fechado.

Os bombeiros informaram que o incêndio na Flona não estava controlado até as 19h desta terça. A alta temperatura, o clima seco, o vento e as chamas altas dificultam o trabalho.

De acordo com o ICMBio, a suspeita é de que o incêndio tenha sido criminoso, já que três pessoas foram vistas no local. Cerca de 1,2 mil hectares haviam sido atingidos até o fim da tarde.

Os equipamentos usados para combate às chamas são básicos, como bomba costal de 20 litros, abafadores e soprador. Como os helicópteros do Corpo de Bombeiros estão em manutenção, não estão sendo usados para combater o fogo. Além disso, não há pilotos disponíveis.

O incêndio é em um local de difícil acesso e a viatura de água não consegue chegar perto das chamas, segundo os bombeiros.

São Paulo

O tempo seco fez cidades do interior de São Paulo mesclarem na tarde desta terça-feira (3) percentuais de umidade relativa do ar semelhantes aos de desertos e qualidade do ar com classificação muito ruim ou péssima.

Por causa do cenário, classificado como assustador por integrantes da Defesa Civil paulista, o governo convocou representantes da iniciativa privada para uma reunião na noite desta terça para adoção de medidas conjuntas para combater queimadas, potencializadas pelo clima seco.

“Vamos aumentar o nosso potencial de trabalho [de combate a a incêndio] com o setor privado”, afirmou à Folha o coronel Ricardo Pereira Henguel, coordenador de Proteção e Defesa do Estado de São Paulo.

Focos de incêndio em Pompeia, no interior de São Paulo, vistos de avião usado no combate às chamas Divulgação Defesa Civil Vista aérea de uma área afetada por incêndio florestal. Há fumaça se elevando de uma região montanhosa ao fundo, enquanto o primeiro plano apresenta uma parte da asa de um avião amarelo. Entre os representantes da iniciativa privada estão de cana-de-açúcar, de energia elétrica e gás, entre outros. “Cada um tinha seu plano de contingência, agora integramos”, afirmou.

Segundo medições de estações meteorológicas automáticas do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), sete municípios apresentavam umidade relativa do ar abaixo de 10% entre 14h e 16h. Os piores índices eram os de Barretos, Marília e Tupã, com apenas 7%.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o nível ideal para o organismo humano é de ao menos 60%. A umidade do ar a 10%, por exemplo, é compatível a do deserto do Saara.

No início da noite desta terça, nove cidades paulistas tinham focos de incêndio: Luiz Antonio, Dois Córregos, Pedregulho, São Simão, Altinópolis, Pompeia, Monte Alegre do Sul, Bom Jesus dos Perdões e Ribeirão Preto.
Em Pedregulho, São Simão e Pompeia aviões ajudavam no combate ao fogo. Não houve nenhuma vítima por causa dos focos de incêndio.

Ao todo, 245 municípios foram atingidos, desde o dia 2 de agosto, por incidência de focos de incêndio.

(Por Fábio Pescarini – Folhapress)

Mato Grosso

Bombeiros continuam com dificuldade para controlar o fogo que se alastra em áreas de difícil acesso no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães e já destruiu 10 mil hectares.

“Uma linha muito extensa, em uma região de difícil acesso. Nós temos utilizado as estradas, linhas preexistentes ou as queimas prescritas que foram feitas dentro do parque nacional para uma estratégia de combate indireto”, explicou à TV Globo o Luiz Gustavo Gonçalves, analista ambiental do ICMBio.

Nas áreas do cerrado, o desafio é o relevo de morros, vales e serras, como a Estação Ecológica Serra das Araras, que está queimando desde o dia 21 de agosto.

Fogo na Chapada dos Guimarães

O Circuito de Cachoeiras, ponto turístico de Chapada dos Guimarães (67 km de Cuiabá), foi fechado para visitação na segunda-feira (02) devido ao incêndio florestal que atinge o parque. Esse é o segundo atrativo que precisou ter as atividades suspensas por conta do fogo. O Morro São Jerônimo foi fechado na última quinta-feira (29).

Desde o o início, 30 brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) atuam para combater o fogo, que teve início na região do Coxipó do Ouro e afetou o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, além de grave parte da Área de Proteção Ambiental Estadual da Chapada dos Guimarães.

Uma aeronave especializada em combate a incêndios dá apoio nas ações de combate.

Rondônia

Em meio a uma série de queimadas recorde, o Ibama em Rondônia possui apenas 205 brigadistas distribuídos em oito bases que atendem o estado e o sul do Amazonas. O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) informou ao MPF que a maioria dos focos de incêndios ocorridos em agosto deste ano se concentra em duas unidades de conservação estaduais: o Parque Estadual de Guajará-Mirim, local onde houve recente retirada de invasores, e a Estação Ecológica Soldado da Borracha, unidade de conservação reivindicada pelo agronegócio da região.

Em todo o estado, até 19 de agosto deste ano, ocorreram 4.887 focos de incêndios, totalizando 107.216 hectares de florestas destruídas pelo fogo, alcançando terras indígenas e unidades de conservação em Rondônia, como é o caso da Resex Jaci Paraná e das terras indígenas Karipuna, Uru-Eu-Wau-Wau e Igarapé Lage.

Incêndio em Rondônia

Porto Velho se encontra no epicentro do manto de poluição atmosférica extrema, com a pior qualidade do ar do planeta, em situação de calamidade pública.

O rio Madeira atingiu a cota de 1,02 metro durante a madrugada desta terça-feira (03) em Porto Velho, de acordo com o monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB). A medição é a menor já registrada desde que o nível do rio começou a ser monitorado em 1967.

O rio é um dos maiores do mundo e passa por três países: Brasil, Bolívia e Peru.

Rio Madeira

A última vez que o Rio Madeira registrou um nível tão baixo foi em 2023, quando chegou a 1,09 metro. Naquele período, especialistas já alertavam para uma seca ainda mais intensa prevista para 2024.

Desde julho deste ano, o Rio Madeira tem atingido sucessivas mínimas históricas. Nesta época, o rio deveria estar com cerca de 3,80 metros de profundidade, mas encontra-se quase três metros abaixo do esperado. Esses dados foram fornecidos pelo Sistema Integrado de Monitoramento e Alerta Hidrometeorológica (SipamHidro).

De acordo com a Defesa Civil Municipal, as comunidades ribeirinhas do Médio Madeira são as mais prejudicadas pela seca. Sem acesso a água encanada, essas populações dependem de poços amazônicos, que secaram com a chegada da estiagem.

Às margens de um dos maiores rios do Brasil, famílias ribeirinhas estão vivendo com menos de 50 litros de água por dia devido à seca histórica. Essa quantidade é menos da metade dos 110 litros diários recomendados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para atender às necessidades básicas de uma única pessoa.

Na comunidade Maravilha, um igarapé secou, resultando na morte de dezenas de peixes e dificultando o acesso à água para os moradores. O local, que Conceição e sua família utilizavam para atividades diárias e lazer, como banhos, transformou-se em um cenário desolador: um cemitério de peixes.

Amazonas

O estado do Amazonas registrou o pior índice de queimadas para o mês de agosto nos últimos 26 anos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No total, foram contabilizados 10.328 focos de incêndio, o maior número desde o início do monitoramento pela instituição em 1998, quando foram registrados 320 focos.

Até então, o recorde para o mês de agosto havia sido em 2021, com 8.588 focos de incêndio. Em 2023, foram contabilizados 5.474 focos, o que representa metade do número registrado este ano.

Diante desse cenário, o governo do Amazonas declarou estado de emergência e situação de emergência em saúde pública em todos os 62 municípios do estado. Além da seca, que torna as florestas ainda mais suscetíveis às queimadas, a Defesa Civil apontou a ocorrência de incêndios criminosos, principalmente causados por pecuaristas.

De junho a agosto, o Corpo de Bombeiros do Amazonas combateu mais de 11 mil focos de incêndio. Para intensificar o combate, o governo antecipou a contratação de 85 brigadistas, que começarão a atuar no reforço às equipes estaduais a partir desta segunda-feira (2).

A segurança também foi ampliada. Entre 30 de abril e 27 de agosto, foram registradas 168 prisões e detenções por crimes ambientais em todo o estado. Nesse período, mais de R$ 91 milhões em multas foram aplicados, além de 148 embargos, totalizando mais de 16.989.691,90 hectares e 30 termos de apreensão.

 

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Tempo seco alerta para baixa umidade relativa do ar

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