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Chico Alves

Jornalista, por duas vezes ganhou o Prêmio Embratel de Jornalismo e foi menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog. Foi editor-assistente na revista ISTOÉ e editor-chefe do jornal O DIA. É co-autor do livro 'Paraíso Armado', sobre a crise na Segurança Pública no Rio, em parceria com Aziz Filho. Atualmente é editor-chefe do site ICL Notícias.

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Fórum Permanente de Afrodescendentes: a ONU pela inclusão

Sempre foi equivocada a interpretação da sociedade sobre a participação da população afrodescendentes em espaços de poder ao nível internacional
19/04/2024 | 16h08

Sempre foi equivocada a interpretação da sociedade sobre a inclusão da população afrodescendente em espaços de poder de decisão ao nível internacional.

Desde a Conferência de Durban, em 2001, até antes, personalidades e agentes negros dos diversos setores da sociedade vêm agindo politica e intelectualmente sobre seus papéis políticos e sociais em relação às questões que afetam a população negra em África e nos países da diáspora africana.

Muitos avanços mundiais só foram possíveis em decorrência das atuações dos agentes de organizações de direitos humanos e da sociedade civil, tencionando e pressionando governos e instituições para agirem em consonância com os tratados internacionais sobre Direitos Humanos.

O resultado deste trabalho de mulheres e homens negros, fez com que diversas ações e políticas reparatórias fossem tomadas em prol da população negra em todo o mundo, muito ainda há de ser feito, é verdade, mas passos foram dados.

O Fórum Permanente das Pessoas Afrodescendentes é o resultado destas investidas em busca de efetivação de direitos fundamentais ao povo negro.

Até hoje, 19 de abril de 2024, se realizou em Genebra na Suíça, a terceira seção do Fórum.

O Fórum foi estabelecido pela Assembleia Geral da ONU em 2021, para contribuir com a inclusão política, econômica e social da população afrodescendente em todo o mundo, além de identificar e analisar boas práticas, desafios, oportunidades e iniciativas para a promoção dos direitos humanos das pessoas afrodescendentes.

Organizações que contribuem com esta agenda por direitos fundamentais agem em parceria com outras organizações na Latino América. Um exemplo é a Race and equality (Raça e igualdade), uma organização internacional não-governamental que trabalha com parceiros, parceiras e ativistas locais da América Latina na promoção e proteção do direitos humanos de populações marginalizadas.

Durante três dias, a sociedade civil e governos se debruçaram sobre agendas importantes de enfrentamento aos racismos e às vulnerabilizações que as populações negras sofrem em função de estruturas e culturas fundadas na negação de direitos da população afrodescendente.

Diversos coletivos se fizeram presentes neste encontro internacional, movimentos negros e negras, ambientalistas, intelectuais, lideranças religiosas de matriz africana, movimento de mulheres negras, movimento LGBTQIAP+, Movimento quilombola, povos originários de África, políticos e governos.

Foi um momento em que mais uma vez pudemos discutir e reatar os nossos laços por um sociedade de bem viver, sem discriminações, preconceitos e racismos em nosso cotidiano. Um momento em que de novo dissemos que nossas vidas continuam nos importando.

Estive lá, cumprindo com meu dever de cidadão negro, Babalorixá do Ile Axé Omiojuaro na Baixada Fluminense no município de Nova Iguaçu no Estado do Rio de Janeiro, território negligenciado pelo Estado Brasileiro no que se refere aos direitos básicos e fundamentais.

Estamos no marco da Década Internacional dos Afrodescendentes (2014/2024), precisamos seguir nesta jornada propositiva por reafirmação de direitos e reparações aos povos afrodescendentes.

Se for necessário, propomos mais uma década, pois não será com uma única década que repararemos o mal cometido aos povos negros no mundo.

Lutaremos e reivindicaremos eternamente por um mundo de fato de direitos humanos, de direitos a todos/as/es indistintamente!

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