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Bruno Natal

Jornalista, documentarista e apresentador do podcast RESUMIDO (www.resumido.cc), sobre o impacto da tecnologia em todos os aspectos das nossa vidas, e da newsletter O Futuro Explicado (www.resumido.substack.com). Disponível nas principais plataformas de streaming.

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Geração Z vende seus dados pessoais por alguns trocados

Jovens não se importam tanto com rastreamento para anúncios
06/06/2025 | 07h37
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A Geração Z encontrou uma nova forma de renda extra: vender os próprios dados pessoais. Jovens aceitam instalar rastreadores nos celulares para monitorar suas atividades no telefone em troca de até 50 dólares por mês.

Ferramentas como a Verb.AI monitoram os hábitos de navegação, compras e uso de aplicativos dos participantes 24 horas por dia para criar um “gêmeo digital” de cada usuário. Esses perfis comportamentais são depois vendidos para empresas interessadas em entender melhor esse público.

Para os jovens, parece um bom negócio. Eles já compartilham tudo nas redes sociais mesmo, então faz sentido ganhar algum dinheiro com isso. A diferença é que essa geração valoriza privacidade de forma diferente das anteriores. Segundo uma pesquisa da Malwarebytes, eles se preocupam com informações embaraçosas ou segredos pessoais, mas não se importam tanto com rastreamento para anúncios.

A pesquisa também aponta que 88% da Gen Z aceita compartilhar dados com plataformas de redes sociais em troca de experiências personalizadas. Também revela que jovens da Gen Z são três vezes mais propensos a cair em golpes online do que baby boomers. Metade dos jovens desconhece como seus dados são realmente utilizados pelas plataformas digitais, o que os torna mais suscetíveis a exploração, exatamente como acontece com ferramentas como a Verb.AI.

Um exemplo revelador dessa dinâmica é o caso do desenvolvedor que criou uma ferramenta que raspa comentários do YouTube e usa inteligência artificial para inferir localização, idiomas e até tendências políticas dos usuários. Qualquer pessoa pode pagar 20 dólares para espionar outros usuários. Isso mostra como até dados aparentemente inofensivos, como comentários, podem ser transformados em ferramentas de perfilamento invasivo.

Essa dinâmica também mostra como a desigualdade econômica e o capitalismo de vigilância transformam a necessidade financeira em combustível para mais controle e manipulação. Esse tipo de troca alimenta um sistema que lucra bilhões com vigilância. É a precarização chegando até nossos dados pessoais.

Os dados sempre valeram dinheiro. A diferença é que agora as empresas descobriram que é mais barato pagar alguns trocados diretamente aos jovens do que enfrentar regulações sobre privacidade. Se nas redes sociais ainda havia a ilusão de um serviço gratuito, agora fica explícito que sua privacidade tem preço. E é bem mais barato do que você imagina ou gostaria.

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