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O jornalista Octávio Guedes revelou, no blog que mantém no site G1, que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), ligou para o comandante da PM neste domingo (16) determinando que ele divulgasse que o ato em favor da anistia a golpistas, convocado por Jair Bolsonaro, atraiu 400 mil manifestantes à praia de Copacabana. O número é muito maior que o levantado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), que anunciou público de 18,3 mil pessoas.
Em nota enviada pela assessoria do governo ao G1, no entanto, Castro nega que tenha feito isso. “O governador Cláudio Castro nega qualquer tipo de interferência na divulgação da estimativa de público presente em Copacabana na manhã deste último domingo. O cálculo foi realizado pela Polícia Militar, que já fez esse tipo de divulgação em eventos anteriores”.
O jornalista, no entanto, mantém a informação e dá detalhes.
Segundo Octávio Guedes, a estimativa da polícia tinha sido de 50 mil pessoas, mas Castro teria ordenado ao comandante da corporação, coronel Marcelo Menezes, a divulgação com o número de 400 mil pessoas em Copacabana.
Ao receber a ordem, Menezes chegou a reagir, mas acabou obedecendo.
Há muitos anos, a PM do Rio não divulga estimativa de manifestações ou atos políticos, para evitar ser usada por grupos ideológicos. Foi justamente o que aconteceu no domingo, já que o cálculo da corporação foi utilizada por políticos bolsonaristas que foram às redes sociais para rebater vários levantamentos técnicos que fizeram estimativa muitas vezes inferior.
O jornalista diz que isso irritou muitos policiais militares, preocupados com a repercussão negativa.

Jair Bolsonaro discursa no ato que pediu anistia a golpistas do 8 de janeiro
Bolsonaro convocou o ato
O ato organizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores para tentar mostrar uma suposta “adesão popular” ao projeto da anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro não teve força. Imagens da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, mostraram uma manifestação esvaziada, sem ao menos lotar completamente um quarteirão.
Tratava-se de um ato de caráter nacional, reunindo lideranças da extrema direita de todo o país. O ex-presidente tinha dito esperar um milhão de pessoas, o que não ocorreu.
Além do projeto da anisita, o movimento também buscava atacar a denúncia feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Bolsonaro e aliados sobre a trama golpista após a derrota na eleição presidencial de 2022. O ex-presidente foi condenado pela Justiça Eleitoral em dois processos e está impedido de concorrer até 2030.
O protesto aconteceu uma semana antes de o Supremo Tribunal Federal começar a julgar denúncia da Procuradoria-Geral da República que pode tornar Bolsonaro réu, no próximo dia 25.
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