O Grupo Zema, conglomerado de empresas pertencente à família do governador Romeu Zema (Novo), vem sendo brindado há sete anos com uma espécie de propaganda disfarçada, permanente e gratuita, no Portal oficial do governo de Minas Gerais (https://www.mg.gov.br).
A “mini-peça publicitária” está construída de maneira sutil. Como mostra a reprodução ao final do post, ela está afixada numa das páginas do portal, no local reservado à biografia dos governadores.
A de Zema está lá desde 2019, quando da inauguração do seu primeiro mandato e segue ativa no endereço https://www.mg.gov.br/governadoratual.
Seria de se esperar que ele detalhasse melhor a sua formação e experiências. Mencionasse suas realizações no primeiro mandato e os seus projetos para o segundo, destinados tirar Minas Gerais do atraso em que se encontra.
Contrariamente a isso, Zema optou por dedicar 3/4 do texto para enaltecer as suas próprias empresas. E a não ser por um detalhe ou outro, as menções não suscitam o menor interesse público.
Dez linhas de um total de 12 se dedicam a tecer elogios para o grupo.
Ficamos sabendo que até virar governador, Zema passou a sua vida atrás dos balcões das lojas do pai. Um império que acabaria herdando.
Uma informação avisa que Zema está afastado do dia a dia das empresa, enquanto outra diz que ele “atualmente” é membro do Conselho de Administração do Grupo.
Herdeiro rico
Nada contra a história pessoal de alguém que, por obra do acaso, venha a se tornar um herdeiro rico.
O problema se dá quando algum incauto acessa um perfil público e acaba sendo bombardeado por informações inúteis e dados que dizem respeito exclusivamente a interesses privados.
O fato do Grupo Zema atuar em cinco ramos (varejo de eletrodomésticos e móveis, distribuição de combustível, concessionárias de veículos, serviços financeiros e autopeças), muda alguma coisa na vida das pessoas?
Há relevância em ele dizer que possui “a maior rede a atender prioritariamente as cidades do interior do Brasil com até 50 mil habitantes?”
Conta com “5 mil empregados diretos e aproximadamente 1,5 mil indiretos”? E aparece “há 15 anos no ranking das Melhores Empresas para se Trabalhar?”
Mensagem subliminar
A impressão que fica é a de que, o que era para ser uma informação institucional, não passa de uma propaganda disfarçada para angariar e fortalecer a marca e, consequentemente, os negócios particulares.
O texto tem jeito e cara de propaganda. E, a pretexto de apresentar o governador, está ali para marcar a posição do grupo empresarial, destacando suas excelências, qualidades e valores.
Uma mensagem ao mesmo tempo direta e subliminar. Destinada a “pescar” os desavisados e levá-los a pensar: se as empresas são tão boas, como destaca o perfil, elas merecem estar naquele espaço nobre e isento. Por que razão não estariam lá se são até mesmo referendadas pelo próprio Estado?
Pode ser que alguém ache que a peça seja irrelevante, pelo seu tamanho diminuto e desproporcional diante de um gigante como o Grupo Zema.
Uma bobagem e que isso não faz a menor diferença para ele.
Mas na vida dificilmente as coisas acontecem por acaso.
Muito menos na propaganda.
Na política, então, nem se fala.
Não fosse assim, por que razão tais informações vem sendo mantidas em cartaz por longos sete anos?