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Sâmia, sobre morte do irmão: Há coisas sobre o que aconteceu que nunca expus

"Brasil tem um trauma social muito grande diante da falência do sistema de segurança pública, de crimes bárbaros sem resolução", escreveu a deputada
05/11/2023 | 20h26

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) divulgou hoje, dia em que o assassinato de seu irmão completa um mês, carta aberta nas redes sociais. Diego Ralf Bomfim foi morto no Rio de Janeiro por milicianos que supostamente cometeram o crime por engano, matando também os colegas Marcos Andrade de Castro e Perseu Ribeiro Almeida, que estavam em um quiosque na orla da Barra da Tijua.

Sâmia se afastou do mandato e está de licença médica desde a morte de Diego.

A seguir, o texto publicado pela deputada:

“Há um mês meu irmão foi assassinado na Barra da Tijuca, junto a outros 2 amigos médicos. Daniel, o único sobrevivente, está se recuperando, depois de diversas cirurgias. Ainda doi muito, choramos todos os dias, toda hora. Esses estão sendo os dias mais difíceis da minha vida.

Estou em licença saúde, tentando cuidar da minha saúde mental, dos meus pais, minha irmã. Cuidando do meu filho. Ainda não sei como vou voltar a tocar a vida, o mandato, como voltar a dar sentido a tudo. Sei que o tempo é o senhor da razão e respiro fundo, me fortaleço no amor. Agradeço imensamente a tantas mensagens diárias de carinho e compreensão, pois elas realmente fazem muita diferença nesse momento.

Há muitas coisas sobre o que aconteceu, sobre a investigação, os desdobramentos, as providências, as sucessivas violências, que nunca expus. Um dia o farei. O Brasil tem um trauma social muito grande diante da falência do sistema de segurança pública, de crimes bárbaros sem resolução, das instituições que, ao invés de serem solução, são parte do problema. Para fora este crime bárbaro no Rio é um marco chocante dessa nova etapa do caos de violência que acomete o Rio. Mas, pra minha família, ser racional diante dos fatos é muito difícil. Para nós é dor, saudade, tristeza, revolta. São muitos sonhos interrompidos, muita injustiça. É, acima de tudo, a perda precoce de uma pessoa maravilhosa, de quem tive o privilégio de ser irmã.

A deputada Sâmia Bomfim e o irmão assassinado, Diego

Me lembro da última vez que nos vimos. Ele tinha voltado de viagem e passou em casa tarde da noite para ver meu filho e confidenciar preocupações. Também tenho gravado o último áudio que me mandou: são dicas de cuidados com meu filho, que estava doente. Obrigada por tudo, Du.

(Vou restringir os comentários nesse post por respeito à memória do meu irmão)”.

 

 

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