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Laboratório investigado no RJ por contaminação de HIV é de primo do ex-secretário de saúde do estado

Matheus Bandoli Vieira é primo de Doutor Luizinho, que era secretário durante o processo de contratação
12/10/2024 | 05h42

O laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), investigado como o responsável pela infecção por HIV de seis pacientes transplantados no Rio de Janeiro, tem como um dos sócios Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira. Ele é primo do Doutor Luizinho, ex-secretário de Saúde do estado do Rio e atualmente deputado federal e líder do PP na Câmara dos Deputados.

Embora tenha deixado o cargo, Doutor Luizinho era secretário durante o processo de contratação e manteve sua influência na pasta, segundo fontes do governo.

A irmã de Doutor Luizinho, Débora Lúcia Teixeira, trabalha na Fundação Saúde, empresa pública do estado que assina o contrato com o laboratório.

Outro sócio do laboratório é Walter Vieira, casado com a tia de Luizinho. Os dois chegaram fazer campanha para Doutor Luizinho em eleições passadas.

O deputado foi secretário de Saúde de janeiro a setembro de 2023. Entre 2022 e 2024, o laboratório recebeu quase R$ 20 milhões em pagamentos, de acordo com dados do Portal da Transparência.

transplantados HIV rio de janeiro

 

O Ministério da Saúde determinou a instalação de “auditoria urgente pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) em todo o sistema de transplante do Rio, e a apuração de eventuais irregularidades na contratação do referido laboratório, entre outras providências”.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, publicou um vídeo nas redes sociais sobre o assunto. Ela ordenou a instauração de uma auditoria para investigar também o sistema de transplantes no Rio depois dos casos de infecções por HIV.

“Diante dos recentes eventos adversos relacionados à transmissão do HIV em transplantes de órgãos no Rio de Janeiro, venho assegurar a todos que o Ministério da Saúde está tomando todas as medidas necessárias para proteger a saúde e o bem-estar dos pacientes e de seus familiares”, disse a ministra.

“Reforço o nosso compromisso inabalável com a segurança, transparência e eficiência em todos os processos de doação e transplantes de órgãos. Não mediremos esforços para que o sistema continue funcionando com a máxima responsabilidade e controle, supervisionando cada etapa com rigor para evitar que situações como esta voltem a ocorrer”, disse Nísia Trindade.

Em nota, Doutor Luizinho afirmou:

“Conheço o Laboratório Saleme há mais de 30 anos, dirigido pelo Dr. Montano e posteriormente por seu Filho Dr. Valter Viera (casado com a irmã da minha mãe, Ana Paula) e suas irmãs. Lamento veementemente o ocorrido com infecção de HIV, desejando ao fim das investigações punição exemplar para os responsáveis por esses gravíssimos casos de infecção.

Enquanto Secretário de Estado de Saúde, mantive a mesma equipe do Programa Estadual de Transplantes da gestão anterior e jamais participei da contratação deste ou de qualquer outro Laboratório.

É muito triste como um dos maiores defensores do Transplantes no País, cuja minha vida pública está marcada pela ampliação do número de transplantes no Estado, ver casos graves como esse! Espero punição aos responsáveis, independente de quem for.”

HIV em transplantados: laboratório receberia R$ 11 milhões do governo do RJ

A PCS LAB receberia quase R$ 11,5 milhões em um ano pelos serviços de “análise clínica e anatomia patológica” em unidades de saúde do estado do Rio de Janeiro. O caso dos seis pacientes transplantados infectados com HIV foi revelado nesta sexta (11) pela rádio BandNews FM.

O contrato entre PCS LAB e governo do Rio foi firmado em dezembro. Inicialmente, a Fundação Saúde — que gere a saúde pública no estado — pagaria R$ 9.799.836,03 ao laboratório pelos serviços, que durariam 12 meses.

Em fevereiro de 2024, porém, foram incluídas outras duas unidades de saúde no contrato, e o valor foi reajustado em R$ 1.679.459,04. O total acordado ficou em R$ 11.479.295,07.

O valor seria pago pela Fundação Saúde de forma parcelada. As parcelas até fevereiro foram de R$ 816.653. Com o reajuste, o valor mensal subiu a R$ 1.003.259,56 a partir de março.

O acordo — agora rompido — duraria um ano, até dezembro de 2024. O prazo poderia ser prorrogado caso a proposta da PCS LAB fosse “vantajosa” para a Fundação Saúde, como previa o contrato.

As redes sociais da empresa PCS LAB estão inativas e não foi possível contato com a empresa.

 

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