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O estudo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta sexta-feira (08), revela que mulheres mais escolarizadas ganham, em média, 21% a menos que os homens.

Segundo o levantamento “Estatísticas de Gênero”, disparidade ainda é maior em profissões científicas e intelectuais — média do salário é 36,7% menor. Nas áreas de bem-estar social, no entanto, a participação é alta, o equivalente a 92%.

As mulheres representam 21,3% dos graduados em Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática. Mas, há 10 anos, esse valor era um pouco maior (23,2%).

Segundo a coordenadora de Estudo e Pesquisa do IBGE, Barbara Cobo, a pesquisa aponta para estereótipos de gênero.

“Será que o cuidar é a vocação das mulheres ou a gente foi socializada para cuidar?”, reflete Cobo.

Desigualdade

A desigualdade é mais acentuada para mulheres pretas ou pardas, que têm menor participação na força de trabalho e maior participação no serviço doméstico.

Além disso, apenas 14,7% de mulheres pretas ou pardas acessam o ensino superior, contrastando com a presença de 29% das mulheres brancas.

Cargos de liderança

Com 21% menos de salário, as mulheres ocupam apenas 39% dos cargos de liderança, sendo 61% ocupados por homens.

No segmento de Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura, apenas 16% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres, em contraste com a média geral de 39%. Já a remuneração nesse grupo é 28% superior à dos homens.

A explicação reside na necessidade das mulheres de possuírem qualificações profissionais mais elevadas para se destacarem em setores historicamente dominados por homens, conforme o G1.

Esse fenômeno também se repete nas profissões ligadas a água, esgoto e atividades de gestão de resíduos e descontaminação, onde as mulheres ocupam apenas 19% dos cargos de liderança, mas ganham 9,4% a mais que os homens.

Mais horas de trabalho

Mulheres trabalham o dobro de horas domésticas (21,3h/semana), enfrentando jornada dupla — trabalho e afazeres domésticos — com 54,4 horas semanais no total. Enquanto os homens desempenham apenas (11,7 horas) de atividades do lar.

Entre as regiões, o Nordeste apresenta a maior diferença de horas realizadas em casa entre homens e mulheres: 23,5 horas frente a 11,8 horas para eles. O Sudeste apresentou o maior tempo de carga total realizado por mulheres – 55,3 horas semanais.

Mercado de trabalho

A dedicação ao trabalho doméstico impacta a inserção das mulheres no mercado de trabalho, especialmente aquelas entre 25 e 54 anos com filhos abaixo de 6 anos em casa, com uma taxa de ocupação de 56,6% em contraste com 66,2% das mulheres sem filhos.

Em domicílios com crianças, 89% dos homens estão empregados, enquanto em lares sem crianças são 82,8%.

A taxa de participação feminina no mercado de trabalho, acima de 15 anos, é inferior à dos homens (53,3% vs. 73,2%) e ainda menor que a taxa pré-pandemia de 2019 (55,4% vs. 75,2%).

No mercado, 28% das mulheres trabalham em tempo parcial (até 30 horas/semana), quase o dobro dos homens (14,4%). A informalidade também é mais alta entre mulheres (39,6%) comparado aos homens (37,3%).

Maternidade

O estudo, realizado de 2018 a 2022, destaca o aumento do número de filhos apenas para mulheres acima de 40 a 49 anos ( 17%). Em contrapartida, pesquisa mostra queda no número de filhos por mulher em 13%. Os números são do Ministério da Saúde (MS).

Mortalidade materna

A mortalidade materna, morte após 42 dias do término da gravidez e causa relacionada a gestação, em 2022, retornou ao patamar pré-pandemia com 57,7 mortos a cada 100 mil nascidos vivos.

Segundo pesquisadores do IBGE devido a causas como atraso de vacinas e o impacto da Covid nas grávidas do Brasil, a taxa era maior em 2021, 117,4 mortos.

Estudo do IBGE apresenta taxa da mortalidade materna a cada 100 mil nascidos vivos entre 2009 à 2022

Fonte: Ministério da Saúde, Sistema de Informação Sobre Mortalidade – SIM e Sistema de Informações Sobre Nascidos . Reprodução IBGE

Presença feminina na política

Na política, no ranking que analisa a proporção de parlamentares mulheres, o Brasil está na 133ª posição entre 186 países em representação feminina na Câmara dos Deputados (17,9%). O Brasil é o último colocado entre os países da América Latina.

Em 2023, as mulheres ocupavam 17,9% dos cargos na Câmara Federal. Dos 38 cargos ministeriais em 2023, apenas nove eram ocupados por mulheres.

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