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Imigrantes brasileiros são apoiadores expressivos da ultradireita em Portugal

Maioria apoiadora do partido conservador Chega é formada por evangélicos, das classes média e alta
16/01/2024 | 05h00

Entre 2010 e 2023, cerca de 500 mil brasileiros conquistaram a cidadania portuguesa, representando 5% da população do país europeu, segundo o Ministério da Justiça de Portugal. Apesar de constituir menos da metade dos votantes, esse grupo está se tornando relevante no cenário político, especialmente na ultradireita. A informação é do jornalista Vicente Nunes, publicada no Correio Braziliense.

Nos últimos anos, a ascensão do partido Chega, liderado por André Ventura, tem chamado a atenção para a participação política expressiva de brasileiros, especialmente evangélicos. E são esses brasileiros que têm se articulado para as eleições parlamentares de 10 de março.

O movimento ganhou força em 2019, ano de fundação do partido. Na época, Lucinda Ribeiro, especialista em programação de dados, auxiliou na mobilização dos brasileiros, principalmente evangélicos, para se juntarem ao partido conservador.

A adesão surpreendeu os líderes do partido e aumentou após a eleição de André Ventura como deputado, o único representante do Chega na época. Em entrevista ao Correio Braziliense, o jornalista, pesquisador e escritor Miguel Carvalho, que acompanha o partido, uma parte significativa desses brasileiros, concentrados em Braga, no Norte de Portugal, “passaram a ter participação ativa na comunidade, por meio de associações e fundações”.

Ainda, segundo Carvalho, os brasileiros envolvidos são, no geral, “de classes média e alta, desempenhando papéis diversos como empresários, engenheiros civis, designers, programadores visuais e arquitetos”. Além disso, “houve adesão de pastores das igrejas neopentecostais”, que contribuíram para o apoio ao Chega durante os cultos, resultando em uma base de apoio que o partido capitaliza.

CHEGA

De acordo com Carvalho, “o apoio ao partido continua”. Em 2022, os brasileiros desempenharam um papel crucial no crescimento espetacular do Chega, que saltou de 1 para 12 deputados, tornando-se a terceira maior bancada na Assembleia da República.

Apesar de terem sido fundamentais para o sucesso eleitoral do Chega, os brasileiros enfrentam limitações na representação política em Portugal. Atualmente, apenas a deputada Maysa Fernandes, na Ilha da Madeira, ocupa um cargo eletivo.

Essa situação evidencia o paradoxo do partido, que, embora conte com o apoio da principal comunidade de imigrantes em Portugal, restringe a participação de brasileiros nos cargos de liderança e defende uma postura rígida na questão migratória.

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