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Joanna Maranhão pede mais rigor do COI contra atletas que cometem abusos

A atleta Joanna Maranhão, coordenadora de entidade internacional, afirma que COI deve coibir atletas acusados de violência sexual
05/08/2024 | 07h31

A ex-nadadora e educadora Joanna Maranhão gravou vídeo com exclusividade para o ICL Notícias sobre o caso do jogador de vôlei de praia holandês Steven van de Velde, condenado pelo estupro de uma menina de 12 anos.

A participação do holandês nos jogos olímpicos de Paris foi questionada pela Sports & Rights Aliance, através da Athletes Network for Safer Sports, que conta com a Joanna Maranhão na coordenação. Joanna, medalhista olímpica de natação, denunciou os abusos que sofreu sexualmente aos nove anos pelo seu treinador.

Em depoimento, Joanna Maranhão disse que, para participar de Olimpíadas, há um critério de elegibilidade que “pede que os atletas respeitem a cartilha olímpica, o código antidoping e o código de manipulação de resultados. Ou seja, não tem nenhuma praticamente nenhuma linguagem que fale sobre esporte seguro e código de conduta.”

“A gente pede que para os próximos Jogos Olímpicos isso seja inserido, seja feito o que eles chamam de ‘background check’, que eles já fazem para treinadores e voluntários, que seja feito para atletas também, que é basicamente olhar para a questão de antecedentes criminais. E que a participação dessas pessoas não seja permitida.”

Joanna continua: “E é dada a essa pessoa uma chance tão somente por que ela cumpriu com essa punição de 12 meses, enquanto essa menina tentou suicídio, entrou em depressão. Ou seja, ela é forçada viver com as consequências de algo que ele escolheu infligir sobre ela, enquanto ele não sofreu consequência nenhuma de algo tão monstruoso que ele escolheu fazer.”

 

Atleta holandês cumpriu só 1 ano de pena

O atleta Steven Van de Velde foi condenado por estuprar uma criança de 12 anos em 2014, quando ele tinha 19 anos. O holandês recebeu uma sentença de 4 anos de prisão em 2016 pelo crime. Ele cumpriu só 1 ano da pena, antes da lei holandesa reclassificar o crime para “atos indecentes” e diminuir a sentença.

Nas Olimpíadas de 2024, além da possibilidade de competir, Van Der Velde não está com os outros atletas da delegação da Holanda. De acordo com Joanna Maranhão, “tem uma declaração do comitê olímpico holandês falando em suporte e, para além disso, foi oferecido para ele ficar um hotel (…) E ele tem um segurança do lado dele 24 horas por dia.”

“Ou seja, esse homem continua sendo protegido, uma proteção e um cuidado que gente não vê para as vítimas de violência dentro do esporte”, afirma Joanna.

 

O jogador de vôlei de praia holandês Steven van de Velde, condenado pelo estupro de uma menina de 12 anos

No domingo (4), a dupla brasileira Evandro e Arthur eliminou a dupla holandesa Steven van de Velde e Matthew Immers por 2 sets a 0.

Leia abaixo depoimento de Joanna Maranhão

” A participação do atleta holandês de vôlei de praia Steven van de Velde levantou o debate sobre o compromisso, ou a falta de compromisso, na promoção de um esporte seguro e livre de assédio. Nós nos juntamos a organização pela qual eu trabalho que é a Sports & Rights Aliance e a gente publicou falando sobre a nossa posição de que a gente chamou o COI para desclassificar.

A gente foi olhar o critério de elegibilidade. E o critério de elegibilidade hoje, ele pede que os atletas respeitem a cartilha olímpica, o código antidoping e o código de manipulação de resultados. Ou seja não tem nenhuma praticamente nenhuma linguagem que fale sobre esporte seguro e código de conduta.

A gente pede que para os próximos Jogos Olímpicos isso seja inserido, seja feito o que eles chamam de ‘background check’, que eles já fazem para treinadores e voluntários, que seja feito para atletas também, que é basicamente olha para a questão de antecedentes criminais. E que a participação dessas pessoas não seja permitida. Por quê?

De um modo geral, o esporte ele responde muito mal quando pessoas sofrem violência dentro dele. Aconteceu comigo e aconteceu com muitas outras pessoas. Machuca demais para a gente, é muito traumático perceber que alguém que escolheu viajar da Holanda para o Reino Unido e violentar uma menina de 12 anos de idade.

E é dada a essa pessoa uma chance tão somente por que ela cumpriu com essa punição de 12 meses, enquanto essa menina tentou suicídio, ela entrou em depressão. Ou seja, ela é forçada a viver com as consequências de algo que ele escolheu infligir sobre ela, enquanto ele não sofreu consequência nenhuma de algo tão monstruoso que ele escolheu fazer.

O aspecto legal e o aspecto moral não está balanceado. A gente não pode ter um olhar sobre algo tão sensível e tão traumático como violência sexual tão somente pelo aspecto jurídico. É muito triste.

Quando eu assisti o primeiro jogo dele, eu me senti muito mal por que quando alguma pessoa que sofre violência resolve falar, a gente é costumeiramente recebido com silenciamento, retaliação, com culpabilização, enquanto ele está tendo todo o suporte.

Tem uma declaração do comitê olímpico holandês falando em suporte e, para além disso, foi oferecido para ele ficar um hotel. Ele não está na Vila Olímpica, está num hotel por escolhe dele e ele tem um segurança do lado dele 24 por dia. Ou seja, esse homem continua sendo protegido, uma proteção e um cuidado que gente não vê para as vítimas de violência dentro do esporte.”

 

 

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